A Inteligência da Casa
Inteligente é mais que conectividade, integração e recursos na Nuvem. É também
inteligência na concepção de produtos e é inteligência na aplicação destes produtos
buscando os benefícios esperados de uma Casa
Inteligente.
O exemplo que vou dar a seguir achei na Internet
recentemente; não estou fazendo propaganda nem defendendo o produto em si,
ainda mais que ele só agora começa a entrar no mercado americano e sabemos que
a vida útil de uma start-up é sempre uma incógnita.
Mas o produto em questão é uma película “inteligente” a ser
aplicado em janelas que permite o controle de opacidade eletricamente. O fabricante
(IGlass Technology) nos induz a
acreditarmos que ele é o primeiro e único, mas isso não é relevante.
O interessante é que esta película foi concebida para ser
instalada em janelas existentes (parece existir algumas opções no mercado com
janelas completas, exigindo a troca da existente). E o fabricante se preocupou em
buscar uma solução completa.
Primeiramente temos a película em si, que diz permitir o controle
de opacidade de 20 a 10% (não é blackout – veja a imagem abaixo, tirada do site
deles). Ela é fabricada em tiras de qualquer comprimento e largura de 12
polegadas (algo como 30 cm). Parece fácil de instalar (mas precisa de um instalador)
e não parece difícil adaptar várias tiras de 30cm para cobrir a janela inteira.
O produto em si é tecnologicamente interessante. Mas aí vem
a primeira inteligência: como a fabricação limita a largura a 30cm, que tal
oferecer isso como uma vantagem, permitindo que se trabalhe a opacidade de uma
janela por faixas, comandando cada faixa de 30cm individualmente?
Mas esta película precisa ser alimentada eletricamente para
funcionar. Isto significa que precisamos de fios e tomadas? Não. O fabricante
colocou um pouco mais de inteligência no ar e projetou uma peça que fica na
soleira da janela que é um misto de bateria com painel solar, além de ter a eletrônica
de controle da película e a capacidade de comunicação sem fio. É uma peça
bastante elegante pelos vídeos e fotos que o fabricante publica.
Então temos a película e temos uma eletrônica responsável pela
energia e pelo comando dela. Interessantemente, ele não optou por usar WiFi e
sim Zigbee, talvez pelo baixo consumo e pela facilidade em ficar em estado de
espera.
O que falta então? Um gateway, obviamente. Este gateway tem
a responsabilidade de se comunicar com a eletrônica atrelada à janela por
Zigbee e converte para WiFi, de forma a que possa ser comandado tanto por
celulares quanto por assistente virtuais como o Alexa e o Google Home.
E completando o pacote de soluções inteligentes, temos também
um botão sem fio que permite o comando direto da película em Zigbee, para
quando não temos um assistente ou o celular por perto.
Um pacote muito inteligente, não? Um produto que pode ser
utilizado em residências existentes, que pode ser facilmente instalado sem a
necessidade de fiações, que se integra ao processo da Casa Inteligente e que pode ser instalado autonomamente em casas pré-inteligentes.
E agora depende da inteligência do morador ou do integrador
por ele contratado para que a Casa
Inteligente possa usar esta tecnologia de forma adequada. Ela pode ser útil
para um controle mais eficiente do condicionamento térmico do ambiente, otimizando
o uso de eletricidade ou gás para manter o ambiente agradável ao morador. Ela pode
ser usada para controle de luminosidade ou mesmo de privacidade (parcialmente,
pelo menos). Mas ter esta película apenas respondendo a comandos de voz ou via
celular, ou mesmo atuando automaticamente conforme horários não é um uso
inteligente para uma Casa Inteligente.
Precisamos de mais. Fica aqui, então, o desafio de uma lógica de controle que
otimize o uso de recursos ao mesmo tempo controlando temperatura e luminosidade
de um ambiente.
Mas este produto concebido com inteligência pode ser
melhorado? Ele é adequado para a realidade brasileira? Existe algum aspecto que
você mudaria no projeto deste produto (sem alterar o princípio tecnológico)?
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