27 junho 2018

Pensando Inteligente nos Produtos da Casa Inteligente


A Inteligência da Casa Inteligente é mais que conectividade, integração e recursos na Nuvem. É também inteligência na concepção de produtos e é inteligência na aplicação destes produtos buscando os benefícios esperados de uma Casa Inteligente.

O exemplo que vou dar a seguir achei na Internet recentemente; não estou fazendo propaganda nem defendendo o produto em si, ainda mais que ele só agora começa a entrar no mercado americano e sabemos que a vida útil de uma start-up é sempre uma incógnita.

Mas o produto em questão é uma película “inteligente” a ser aplicado em janelas que permite o controle de opacidade eletricamente. O fabricante (IGlass Technology) nos induz a acreditarmos que ele é o primeiro e único, mas isso não é relevante.

O interessante é que esta película foi concebida para ser instalada em janelas existentes (parece existir algumas opções no mercado com janelas completas, exigindo a troca da existente). E o fabricante se preocupou em buscar uma solução completa.

Primeiramente temos a película em si, que diz permitir o controle de opacidade de 20 a 10% (não é blackout – veja a imagem abaixo, tirada do site deles). Ela é fabricada em tiras de qualquer comprimento e largura de 12 polegadas (algo como 30 cm). Parece fácil de instalar (mas precisa de um instalador) e não parece difícil adaptar várias tiras de 30cm para cobrir a janela inteira.


O produto em si é tecnologicamente interessante. Mas aí vem a primeira inteligência: como a fabricação limita a largura a 30cm, que tal oferecer isso como uma vantagem, permitindo que se trabalhe a opacidade de uma janela por faixas, comandando cada faixa de 30cm individualmente?

Mas esta película precisa ser alimentada eletricamente para funcionar. Isto significa que precisamos de fios e tomadas? Não. O fabricante colocou um pouco mais de inteligência no ar e projetou uma peça que fica na soleira da janela que é um misto de bateria com painel solar, além de ter a eletrônica de controle da película e a capacidade de comunicação sem fio. É uma peça bastante elegante pelos vídeos e fotos que o fabricante publica.


Então temos a película e temos uma eletrônica responsável pela energia e pelo comando dela. Interessantemente, ele não optou por usar WiFi e sim Zigbee, talvez pelo baixo consumo e pela facilidade em ficar em estado de espera.

O que falta então? Um gateway, obviamente. Este gateway tem a responsabilidade de se comunicar com a eletrônica atrelada à janela por Zigbee e converte para WiFi, de forma a que possa ser comandado tanto por celulares quanto por assistente virtuais como o Alexa e o Google Home.

E completando o pacote de soluções inteligentes, temos também um botão sem fio que permite o comando direto da película em Zigbee, para quando não temos um assistente ou o celular por perto.

Um pacote muito inteligente, não? Um produto que pode ser utilizado em residências existentes, que pode ser facilmente instalado sem a necessidade de fiações, que se integra ao processo da Casa Inteligente e que pode ser instalado autonomamente em casas pré-inteligentes.

E agora depende da inteligência do morador ou do integrador por ele contratado para que a Casa Inteligente possa usar esta tecnologia de forma adequada. Ela pode ser útil para um controle mais eficiente do condicionamento térmico do ambiente, otimizando o uso de eletricidade ou gás para manter o ambiente agradável ao morador. Ela pode ser usada para controle de luminosidade ou mesmo de privacidade (parcialmente, pelo menos). Mas ter esta película apenas respondendo a comandos de voz ou via celular, ou mesmo atuando automaticamente conforme horários não é um uso inteligente para uma Casa Inteligente. Precisamos de mais. Fica aqui, então, o desafio de uma lógica de controle que otimize o uso de recursos ao mesmo tempo controlando temperatura e luminosidade de um ambiente.

Mas este produto concebido com inteligência pode ser melhorado? Ele é adequado para a realidade brasileira? Existe algum aspecto que você mudaria no projeto deste produto (sem alterar o princípio tecnológico)?

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