A grande maioria das tecnologias necessárias para viabilizar
esta evolução já existiam; até mesmo a Internet
das Coisas não é propriamente uma nova tecnologia. O que tem ocorrido é a
evolução destas tecnologias já conhecidas para atender às novas necessidades
que se apresentam na evolução até a Casa
Inteligente.
São casos típicos o Bluetooth que ganhou uma versão em rede
(Mesh) e os protocolos ZigBee e Zwave que estão ganhando novas versões com
maior segurança, criptografia e maior facilidade de uso.
A Internet, por sua vez, é algo vasto, e não pode ser
tratada como uma única tecnologia. Um de seus ramos, a conexão sem fio, também
conhecida como WiFi, é muito utilizada tanto nas comunicações mais tradicionais
de computadores e celulares à rede Internet, quanto nas comunicações com
equipamentos inteligentes como sensores e assistentes pessoais como o Alexa.
O WiFi mais comum apresenta algumas características que não
são ótimas para aplicações como a Casa
Inteligente: seu alcance, por exemplo, tem limitações que dificultam seu
uso em grandes áreas ou através de obstáculos como paredes e lajes.
Mas, sempre que uma tecnologia apresenta desvantagens
aparecem soluções para minimizar estes entraves.
A solução para resolver o problema de alcance do WiFi é o
uso de mais de um roteador, localizados em pontos que garantam a cobertura
necessária. Estes roteadores são configurados como pontos de acesso (AP –
Access Points), com o mesmo nome de identificação da rede e a mesma senha (ou
outra forma de validação). Assim, o cliente (smartphone por exemplo), pode se
conectar a qualquer dos pontos de acesso sempre achando que está na mesma rede.
Esta solução funciona adequadamente, mas tem seus pontos de preocupação.
Nesta solução, os AP´s têm que ser do mesmo fabricante e têm
que falar diretamente com o roteador principal, seja através de cabos
(dificultando sua instalação), seja compartilhando da mesma banda que é
oferecida ao usuário (diminuindo a performance de comunicação do sistema). E
cada fabricante tem a liberdade de definir como acontece a comunicação entre
seus AP´s.
A WiFi Alliance, uma organização mundial de empresas
envolvidas na comunicação sem fio focada em definir padrões e critérios para
garantir o uso correto e adequado da tecnologia, viu a necessidade de criar
algumas diretrizes e especificações que padronizassem a forma de se implementar
redes com múltiplos AP´s de forma consistente.
Temos, então o WiFi CERTIFIED EasyMesh™,
que busca padronizar o uso de múltiplos AP´s em instalações WiFi.
Entre as
vantagens ao se adotar esta certificação podemos citar:
- · Projeto flexível: Cobertura estendida pelo uso de múltiplos AP´s sem a necessidade de cabeamento
- · Fácil instalação: Configuração automática de dispositivos
- · Inteligência na rede: Rede com organização e adaptação automática para garantir a melhor cobertura e performance
- · Balanço de carga: Dispositivos cliente são guiados a se conectarem ao AP que melhor atenderá suas necessidades
- · Escalabilidade: novos AP´s de qualquer fabricante podem ser adicionados automaticamente à rede a qualquer instante.
E como isso vai
funcionar?
Vamos ser um pouco mais técnicos.
O programa WiFi EasyMesh define os protocolos de controle entre
os AP´s, os mecanismos de roteamento do tráfego na rede e os “data objects”
necessários para permitir a fácil inclusão de novos AP´s à rede. Esta inclusão
se expande para incluir o controle e o gerenciamento destes AP´s dentro da rede
WiFi EasyMesh.
Uma rede WiFi EasyMesh é composta por um controlador que
gerencia a rede e os AP´s conectados a esta rede, que são chamados de agentes.
Em geral o controlador WiFi EasyMesh está localizado no gateway ou roteador que
conecta a rede doméstica ao provedor de serviços de conexão (Internet), podendo
este gateway também ser um agente da rede, se ele permitir conexões WiFi de
clientes. Este controlador, contudo, pode estar localizado em qualquer lugar da
rede, não necessariamente no gateway.
O número de dispositivos em uma rede WiFi EasyMesh depende
das necessidades do local; podemos ter instalações com um controlador e dois
agentes, enquanto outras instalações podem contar com um controlador e uma
quantidade muito maior de agentes. A única exigência é que haja apenas um
controlador.
Em muitas residências não há disponibilidade de Ethernet (conexão
cabeada) em todos os locais. De forma a que isto não interfira na localização
ótima dos AP´s, a WiFi EasyMesh oferece uma série de possibilidades de conexão
entre seus nós, incluindo WiFi, Ethernet e aqueles que seguem o protocolo IEEE
1905.1. Os principais são:
- ·
Wi-Fi
2.4 GHz
- · Wi-Fi 5 GHz low band: channels 36~65, U-NII-1, U-NII-2ª
- · Wi-Fi 5 GHz high band: channels 100~165, U-NII-2C, U-NII-3
- ·
Ethernet
Nas redes WiFi EasyMesh o controlador é um dispositivo
lógico que pode ser instalado em qualquer dispositivo da rede, compartilhando
suas funções com as do dispositivo. O
controlador é responsável pela inclusão de novos dispositivos à rede e pela
definição de suas funções. Ele também gerencia todos os agentes de sua rede. O
controlador recebe informações de métricas e de capacidades de cada dispositivo
e controla os parâmetros operacionais dos AP´s, tais como canais de
comunicação, topologia e roaming de clientes entre agentes. Ele também envia
comandos aos agentes para garantir o balanceamento de cargas e para outras
funções gerenciais.
Todos os AP´s em uma rede WiFi EasyMesh são agentes. Os
agentes também são uma entidade lógica que executa comandos vindos do
controlador e informa suas métricas e capacidades ao controlador e a outros
agentes. Este agente também é a interface WiFi com os dispositivos clientes.
Dispositivos clientes como smartphones, TV´s e notebooks se
conectam aos agentes usando uma conexão WiFi padrão. Os agentes entregam os
dados aos seus destinos, podendo ser um outro AP ou a própria Internet, através
de links dedicados. Os links com os clientes e entre os agentes podem utilizar
rádios separados para aumentar a performance, mas isso dependerá das
características de cada agente. A rede WiFi EasyMesh pode dinamicamente alterar
as rotas tanto dos links dos clientes quanto entre agentes visando se adaptar
às condições de momento da rede.
Uma rede WiFi EasyMesh foi desenvolvida para ser colocada
para funcionar em minutos, mesmo sem experiência técnica, independentemente do
fabricante. Uma vez que o controlador é definido, este se responsabiliza por
configurar os demais AP´s como agentes da rede. Novos agentes são adicionados à
rede de forma automática pelo controlador.
“Onboarding” é o processo de inclusão de um dispositivo na
rede WiFi EasyMesh, usando WiFi ou conexão cabeada. Uma vez que um agente é
conectado à rede WiFi o protocolo inicia o processo de inclusão, onde o
controlador questiona cada agente sobre itens como a quantidade de rádios e quais
versões de WiFi suporta. Estas informações também são passadas aos demais
agentes. Com essas informações, o controlador decide a melhor configuração para
cada dispositivo. O controlador também define a topologia a ser usada, podendo
alterá-la quando determinar necessário.
Dentre as capacidades gerenciais que o controlador pode
tomar, baseado nas informações que recebe dos agentes, estão: instruir agentes
a mudar de canal, aumentar ou diminuir a potência de transmissão, ou pedir que
o agente quando uma certa quantidade de banda for consumida.
O controlador pode, ainda, comandar ou sugerir a um cliente
que mude sua conexão para um outro agente, visando melhorar a performance deste
cliente.
Em resumo, a rede WiFi EasyMesh pode ser considerada como
uma rede de gerenciamento da rede WiFi padrão, visando facilitar sua instalação
e modificações, maximizar a performance e garantir cobertura de WiFi por todo o
ambiente.
Mas talvez o maior valor da WiFi EasyMesh é ser uma
infraestrutura pensada para a Casa
Inteligente e o uso da Internet das
Coisas. Quando pensamos em Casa
Inteligente temos que pensar que sua implementação será feita gradualmente,
como o acréscimo pontual de dispositivos ao longo do tempo. Podemos começar com
um assistente virtual e algumas lâmpadas, mais tarde acrescentar um controlador
de temperatura. Depois podemos pensar na TV, no streaming de vídeo e na parte
de áudio. E vamos assim crescendo o sistema dentro da Casa Inteligente e com isso a necessidade de cobertura e
performance de nosso WiFi (talvez ainda sofrendo interferências de Bluetooth e
ZigBee).
Assim, seria muito bom termos uma infraestrutura de WiFi que
estivesse sempre buscando sua melhor performance e que facilmente pudesse
crescer, acrescentando, por exemplo, um AP na garagem (não tinha pensado nisso
antes, mas minha furadeira de bancada agora é IoT)!
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