Estava lendo um artigo sobre o esforço conjunto da Marriott
International, Samsung e Legrand em criarem um quarto de hotel em laboratório
para implementar a Internet das Coisas
da indústria hoteleira.
O IoT Guestroom Lab
(Laborátorio de quarto de hóspede IoT) criou um quarto de hotel com vários sistemas IoT conversando entre si para
atender às necessidades do hóspede e otimizar as operações do hotel. Entre outras
coisas o hóspede pode conversar com uma assistente virtual para definir o horário
do despertador, pedir uma aula online de yoga, solicitar serviços de quarto ou
ainda pedir para ligar o chuveiro na temperatura que já está armazenada no
perfil do cliente.
Esperam começar a introduzir esses recursos daqui a uns
cinco anos. Vocês podem ler os detalhes sobre este projeto neste link.
O que me vem à mente, de início, é muito interessante. Poder
modelar, pelo menos quanto aos aspectos tecnológicos, um quarto de hotel para os
meus gostos e necessidades é muito interessante. Saber que este perfil de
modelamento do quarto me pertence e que eu posso usá-lo em um outro hotel (em
qualquer outra parte do mundo) com as mesmas capacidades tecnológicas (afinal
isso seria o princípio básico da Internet
das Coisas) me deixa animado.
Coisas como temperatura da água, do quarto e do cobertor, horários
de acordar e fazer refeições, programas de TV prediletos, restrições alimentares,
cerveja predileta, entre tantas outras características do meu perfil, poderem ser
replicadas em qualquer lugar que eu vá parece um sonho tecnológico...
Mas...
Será que eu quero isso sempre? Tudo bem, em algumas viagens
repetitivas, a trabalho, ter essas facilidades pode ser prático e trazer uma
certa tranquilidade. Mas nunca iria querer usar estes itens (pelo menos não todos
ao mesmo tempo) em viagens a lugares novos e que possam me ensinar novos hábitos
e gostos se eu me expuser a eles.
Mas, pensemos um pouco na parte prática da tecnologia. A Internet das Coisas, pelo menos os próximos
10 anos, estará andando a uma velocidade muito grande, com novos produtos e novas
tecnologias aparecendo a todo momento e, como consequência, obsoletando produtos
e tecnologias no mesmo ritmo. E neste mundo de gadgets e compras por impulso,
duvido que as empresas estejam realmente preocupadas em dar suporte adequado a
produtos obsoletos.
Por outro lado, empresas como os hotéis aos quais estamos
nos referindo não estão prontas a ficar trocando e atualizando seus sistemas a
cada seis meses para garantir aos seus clientes total (ou mesmo minimamente parcial)
compatibilidade com o que eles teriam em suas casas e esperariam encontrar
durante sua hospedagem.
O que nos resta? Devemos esquecer por mais alguns anos esse
sonho de quarto de hotel?
Talvez não. No mundo IoT existem muitos segmentos, e vários deles não lidam
diretamente com o consumidor. Temos a IoT da indústria, da logística, agrária (ou rural), da saúde,
entre outras, que não precisam contar com o consumismo que move a Consumer
IoT. Nestes segmentos, os
desenvolvimentos são mais focados, menos impetuosos, e menos movidos pelo
oportunismo. Como consequência, os produtos que desenvolvem são mais duradouros,
tanto em vida útil mecânica quanto tecnológica, a obsolescência é lenta e gradual
e sua implementação envolve levar a sério engenharia e gerenciamento de
projeto.
Entre esses mundos “sérios” e o quarto de hotel existe uma
brecha, que se transforma em desafio e pode ser uma ótima oportunidade: como
desenvolver sistemas IoT sérios e duradouros que acompanhem de perto e com um grau
de satisfação adequada, as expectativas do consumidor quanto a o que a Internet das Coisas parece lhe oferecer?
No fundo, não é difícil desenvolver este tipo de solução. Afinal,
a IoT permitirá obter as
informações do cliente das várias fontes disponíveis para ter o seu perfil
montado. Também os equipamentos a serem utilizados dentro do quarto de hotel não
precisam ser constantemente trocados, já que as formas de se atuar na
iluminação, temperatura e outros tantas variáveis são, na verdade, as mesmas de
20 anos atrás.
O que muda constantemente é a “inteligência” e esta é
volátil. É esta capacidade que precisa ser “domada” e apresentada pelos
fabricantes de forma séria (sólida, segura e confiável) e em constante evolução.
Como será que esta solução se desenvolverá? Fabricantes de
gadgets criando linhas de produtos duradoras ou fabricantes de sistemas industriais
se adequando ao constante alterar das preferências do consumidor?
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