A Internet das Coisas
Comunitária deveria ser algo
naturalmente alcançado pois gera maior segurança e economia, mas acredito que receberá
muita resistência por parte dos seus futuros usuários, o que poderá ser visto
como uma ótima oportunidade para alguns.
Mas o que é IoT Comunitária?
De forma simples, é o uso comunitário de equipamentos
geradores de informação para o benefício dos membros da comunidade.
Um exemplo bem simples: consideremos uma comunidade com
algum controle sobre quem são seus membros, digamos, um condomínio residencial
fechado. Se os membros concordarem em deixar acesso livre da sua banda larga
aos demais membros, qualquer membro terá acesso à Internet em virtualmente qualquer
lugar do condomínio, aumentando o conforto e reduzindo os custos. Isto seria
uma Internet comunitária.
Vamos, então, expandir este conceito. Seu vizinho instalou
um sistema de irrigação automatizado que inclui um sensor de chuva/umidade e um
sensor de temperatura ambiente. Com isso, e com informações vindas da Internet
sobre a previsão do tempo (afinal, é um sistema IoT), ele consegue programar a irrigação
de seu jardim de forma econômica e inteligente.
Você gostou da ideia e quer colocar um sistema similar no
seu jardim. Você também vai precisar de informações sobre chuva/umidade e
temperatura. Porque colocar seus próprios sensores, se você pode usar as
informações dos sensores do seu vizinho? Bastaria programar seu sistema IoT para acessar as
informações vindas do sistema dele! Logicamente, precisaria da autorização dele
para isso. Ele negaria? Que mal há em fornecer estas informações? Ele cobraria
por isso?
Vamos agora incluir mais um sistema: você decide instalar um
sistema de vigilância eletrônica que inclui, entre outras coisas, barreiras ao
redor de seu terreno, alguns sensores de movimento e duas câmeras apontando para
a calçada, uma de cada lado para garantir total cobertura, ambas com capacidade
de detecção de movimento. Um sistema completo.
Mas seu vizinho gostou da ideia e vai fazer o mesmo. Porque não
usar as mesmas barreiras que você instalou no muro que têm e comum e até
aproveitar uma de suas câmeras, a que inclui alguma cobertura da calçada dele? Você
negaria? Que mal há em fornecer estas informações? Você cobraria por isso?
A IoT Comunitária não
é tão simples quanto os exemplos acima, mas tem o mesmo objetivo de economia e
compartilhamento. Para que a IoT Comunitária seja
bem sucedida, ela precisa de planejamento, projeto e manutenção. E, obviamente,
aceitação da grande maioria da comunidade para que cada membro contribua
conforme planejado.
Desenvolver um projeto de IoT em uma comunidade existente é um
desafio muito grande, que exige muita dedicação dos seus membros, posto que
envolverá a todos, exigindo daqueles que ainda não adotaram a tecnologia de
casa inteligente, investimentos maiores em suas residências para aproveitar os
benefícios.
Mas temos a oportunidade de desenvolvermos a IoT Comunitária antes mesmo comunidade existir! Isso mesmo, desenvolvermos
condomínios horizontais e verticais onde a infraestrutura comum a todos esteja
totalmente integrada e disponível para uso de qualquer um dos seus membros.
O condomínio já apresentaria aos seus futuros membros toda a
infraestrutura de Internet disponível. Cada terreno receberia uma conexão de
banda larga, que incluiria Internet, interfonia, acompanhamento das câmeras dos
espaços públicos e portaria, e serviços de TV e streaming. Esta mesma conexão também
seria utilizada para que os moradores tivessem acesso aos sensores do
condomínio, como luminosidade, umidade, chuva e temperatura, e até de sensores menos
comuns, como medição de radiação UV, nível das caixas d’água, e qualidade do
ar. O condomínio poderia até ter uma miniestação meteorológica fornecendo
informações aos sistemas inteligentes das residências.
Dentro deste conceito, os moradores também passariam a ser
provedores e informações, oferecendo informações de seus sensores para a
comunidade. Estes sensores podem ser simples alarmes de incêndio, ou podem ser
mais complexos, auxiliando com informações mais localizadas incluindo os
cuidados com a segurança patrimonial. Se fizerem isso com o adequado planejamento,
teremos um condomínio totalmente integrado, aumentando em muito os benefícios
de segurança e conforto de todos os moradores.
Um condomínio concebido desde seu projeto inicial com estas
características será plenamente aceito pelos seus futuros moradores, que
rapidamente aderirão aos benefícios.
Este mesmo conceito pode ser aplicado a condomínios verticais
sem qualquer dificuldade adicional.
Então temos aqui a oportunidade para empreendedores imobiliários,
empresas de construção e de engenharia fornecedores de equipamentos, consultores
e integradores trabalharem em conjunto e desenvolverem projetos que incluam a IoT Comunitária.
Me pergunto, então, quando veremos um condomínio com IoT Comunitária que não seja apenas uma iniciativa de marketing, e sim
um projeto tecnológico cuidadoso e bem implementado.
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