04 junho 2017

Players de IoT para 2017 e o Mercado Brasileiro

Estava lendo um relatório publicado recentemente pela Parks Associates (clique aqui para ter o relatório completo) sobre as tendências em 2017 sobre o mercado do Consumer IoT.

Não vou aqui comentar sobre o conceito de IoT usado por eles ou entrar em detalhes sobre cada uma destas tendências, mas achei interessante que eles apresentam, para cada tendência apontada, uma lista de players sobre os quais deveríamos prestar atenção em 2017.

E analisando superficialmente esta lista, vemos o quão afastado o Brasil está do caminho americano. Não faço aqui um julgamento de valor e não vejo a necessidade nem benefícios claros em seguirmos os modelos americanos de negócios neste mundo da Internet das Coisas.

Mas vamos lá. Estas são as que achei mais interessantes.

Tendência 1.   Controle por voz
O relatório faz uma análise rápida do crescimento deste tipo de solução e diz que em 2021 mais de um bilhão de dispositivos ativados por voz terão sido vendidos.
E as empresas listadas para 2017 são:

Temos várias conhecidas pelas iniciativas em comando de voz (Amazon, Apple, Google e Microsoft), outras conhecidas do mercado (LG, Alarm) e algumas muito pouco conhecidas do mercado brasileiro. A August e a Vivint têm um conjunto de produtos focados em fechaduras inteligentes; a Roku foca em streaming de vídeo e a Nuance trabalha em vários mercados, um deles a de reconhecimento de voz e tem seu próprio assistente – a Nina – focada em atendimento automatizado a clientes.

Não acredito que vejamos muita ação focada no Brasil por parte destas empresas, mesmo as grandes. Estas tendem a trazer as novidades que não envolvam hardware (e até hoje, que eu saiba, o Alexa ainda não fala ou entende português).

Tendência 2.   Empresas de Telefonia Celular ameaçando as de banda larga
Com a estagnação no mercado americano de smartphones, as empresas de telefonia celular começam a oferecer serviços de conectividade a preços e condições bem vantajosas, sem limite de dados, com pontos de acesso espalhados e com o acréscimo de serviços como Netflix e DIRECTV.
Imagina-se que uma fatia do mercado de banda larga deverá migrar para as novas ofertas da telefonia celular.

Obviamente, no Brazil esta migração já está ocorrendo há tempos, não pela melhor oferta dos pacotes móveis mais sim pelos altos custos da banda larga e sua restrição em volume de dados. O uso de Netflix e similares tem tirado a vantagem de pacotes de TV a cabo com banda larga e, em locais onde o 4G é estável e de qualidade, já vemos pessoas repensando no uso de pacotes com banda larga.

As empresas citadas no relatório têm pouco presença direta no Brasil:

Tendência 3.   Empresas de eletrônicos criando ecossistemas
A estagnação do mercado americano também pode ser sentida no mercado de consumo de eletrônicos, como TV´s, computadores e tablets.

A tendência mostra que as grandes empresas estão usando a estratégia de criar um conjunto finito e bem definido de produtos de uma determinada marca (ou no máximo mais algumas em forte pareceria), para alavancar as vendas em cadeia.

É o caso sempre histórico da Apple, e, mais recentemente, da Amazon com o Amazon Echo e seu conjunto de equipamentos compatíveis. Um esforço de venda grande em um único item (o Echo) alavanca a venda de todo um conjunto de periféricos.

Dentro desta tendência, as empresas para serem observadas em 2017 são:


Aqui praticamente todas são conhecidas do público brasileiro mais focado em tecnologia. Em princípio, é uma surpresa ver empresas como a HTC, fabricante de aparelhos celulares e acessórios, mas, se prestarmos atenção, estes acessórios compõem um claro ecossistema, incluindo fitness e realidade virtual.

De forma similar, a LeEco apresenta um conjunto de equipamentos que vão de aparelhos celulares e TV´s a sistemas autônomos para veículos.

Tendência 4.   Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR) crescendo e trazendo a realidade virtual social
Apesar do mercado ainda estar dando seus primeiros passos, o relatório acredita que em 2017 tanto a VR quanto a AR terão uma aceitação muito grande, principalmente com a oferta de novas mídias e conteúdos e o desenvolvimento de usos mais interessantes para estas tecnologias.

As empresas em destaque são:


A Magic Leap é uma startup que desenvolveu (aparentemente está pronto) uma lente/tela para ser usada em AR. E a Oculus oferece equipamentos para realidade virtual. Já, as demais são conhecidas do mercado brasileiro e temos conhecimento de algumas de suas iniciativas neste mercado, mesmo que os produtos não tenham chegado a nós de forma oficial.

Acredito que o verdadeiro valor de VR e AR não esteja no entretenimento e sim nas áreas de aprendizagem e treinamento, mas, como sempre, será a área de consumo imediato que vai popularizar e ajudar a desenvolver estas tecnologias.

Tendência 5.   Carros Conectados
E aqui ainda não estamos falando dos carros autônomos! Estamos falando simplesmente de carros com conectividade suficiente para não precisarmos usar o smartphone enquanto dirigimos.

A preferência dos usuários americanos é que seus carros tenham as funcionalidades de um smartphone diretamente disponível, sem a necessidade de “linkar” o celular ao carro. Isto significa, na prática, ter um sistema operacional disponível para o usuário onde ele possa escolher os aplicativos que quer e também cuidar das suas comunicações via telefone ou aplicativos de conversa.

Mas, já que temos um “celular” dentro do carro, porque não aumentar sua funcionalidade, começando a interagir com as funções do veículo, como performance, consumo, manutenção, etc.?

E é aí que aparecem as maiores preocupações dos usuários: custos recorrentes não conhecidos na compra do carro, privacidade quanto à localização e forma de dirigir, e excesso de funcionalidades distraindo o motorista enquanto dirige. Estes são os desafios das empresas envolvidas, onde os principais players para 2017 são:


(Aqui, eu acho que há um erro: a Harmon, na verdade me parece ser a Harman, uma subsidiaria da Samsung que fornece a conectividade de veículos). QNX é um sistema operacional muito adequado para plataformas móveis de conectividade. Quanto às demais, são bem conhecidas do mercado brasileiro.

Conclusão
Podemos ver que muitas empresas estão se envolvendo com as tendências da IoT e a maioria delas é de conhecimento do público brasileiro. Mas também vemos que estas empresas não estão colocando foco no nosso mercado, principalmente quando isso envolve diretamente oferecer no Brasil equipamentos que estão sendo posicionados como de baixo custo e fácil instalação. Nossa realidade não permite que estes produtos tenham preços baixos e nosso público não tem a tendência de se capacitar para a instalação e uso destes equipamentos.

Assim, o que provavelmente veremos é a presença mais forte daquelas empresas que entregam soluções embarcadas, como os carros conectados e fabricantes de eletrodomésticos inteligentes.
Isto abre portas para que algumas incitativas locais possam ter sucesso ao “nacionalizar” os produtos da moda, mas garantindo idêntica funcionalidade através de parcerias e licenças tecnológicas.

Se o Amazon Echo chegará ao Brasil com preço fora da realidade do consumo espontâneo, como ocorre nos USA, que tal termos um produto brasileiro, com suporte brasileiro, que utilize a infraestrutura da Amazon para fornecer, grosseiramente, os mesmos serviços?


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