Vou mostrar que organizar um churrasco é uma tarefa muito
similar à Internet das Coisas.
Você decide fazer um churrasco com amigos.
A primeira coisa a fazer é definir onde e quando ele será.
Como acontece este processo?
Primeiro você verifica os locais disponíveis: sua própria
casa, a chácara de um amigo ou o salão de festas no prédio de outro amigo. Pensando
em fazer na sua casa, você avalia quantas pessoas poderiam ser convidadas, se
toda a infraestrutura está ok, como churrasqueira e banheiros funcionando, mas
pondera que sua casa não tem um grande espaço coberto. Se for na chácara do
amigo, precisa verificar com ele a disponibilidade e tem o problema de distância
e de não poder tomar uma cervejinha se for dirigir. E se for no salão de festas
do outro amigo, tem o problema do horário, os possíveis penetras e o custo de
alugar o espaço.
Aqui você coletou um
conjunto de dados das mais variadas fontes, os organizou e qualificou. A Internet das Coisas também depende de dados
de várias fontes para poder entregar valor.
O que você faz? Junta os amigos mais fieis, que nunca
faltam, faz uma reunião e decide junto com eles que a melhor opção é fazer na
sua casa, desde que não chova.
Aqui você analisou os
dados e os submeteu a processos de análise, votação e decisão usando múltiplos processadores
na Nuvem.
Passo seguinte? Será que vai chover? Como saber? Consultando
a Internet, óbvio. Pesquisa sites de previsão do tempo e até o site do INPE (http://www.cptec.inpe.br/), este último
meio sério e precisando de uma certa capacidade de interpretação. E com isso, você
tem algumas datas disponíveis nas próximas semanas.
Aqui você fez
consultas específicas a sensores e buscando informações já tratadas e prontas
para análise. Você está aproveitando processamento de terceiros para obter
informações que possam ser interpretadas conforme sua necessidade muito
específica.
E agora? Você precisa definir a data, mas quer ter certeza
que seus amigos mais próximos estejam disponíveis. O que faz?
Você liga para o primeiro na sua lista, fala do churrasco,
acerta uma primeira data e pergunta se ele sabe da disponibilidade dos demais. Ele
consegue te confirmar que mais uns três estarão disponíveis. Temos, então, quatro
já confirmados para uma data.
Aqui você usou uma
determinada rede de comunicação e protocolo para trocar dados com um nó na
rede. Você usou este evento de comunicação para obter informações de terceiros
passados através deste nó.
Você pesquisa o Facebook, os calendários online e outras
formas nas que seus amigos compartilham informações sobre disponibilidade (se
souber que algum deles estará viajando, você nem o convida). Depois, você entra
em contato, usando o telefone, o email ou o Whatsapp, conforme você já sabe a
preferência de cada um para comunicações.
Aqui você coletou
mais informações de outros processadores e estendeu sua rede de comunicação com
outros nós, sempre usando redes de comunicação e protocolos pré-definidos
conhecidos e definidos como preferenciais pelos seus nós.
Para facilitar a organização, você montou um evento online
onde os convidados podem confirmar a presença, tirar dúvidas e participar da organização.
Você também usa este espaço para distribuir algumas tarefas.
Aqui, você está
usando a Nuvem para se comunicar com os atuadores e enviando comandos; a Nuvem também
permite que estes atuadores tenham informações adicionais para que façam seu
próprio processamento, garantindo a execução da tarefa com precisão e
segurança.
A etapa de compra de suprimentos (carvão, carne, bebidas e
demais acompanhamentos) começa com uma consulta às preferências dos convidados.
Aí você faz uma lista e distribui as compras entre alguns dos convidados.
De novo, coleta de
dados de várias fontes, tratamento de dados, processamento e definição de
ações; tudo isso distribuído e utilizando um conjunto de diferentes protocolos.
E agora, é só aproveitar, pois tudo foi organizado e
controlado adequadamente.
Com isso eu quis apenas mostrar que o conceito de Internet
das Coisas é um conceito natural, mas ainda longe de equipamentos e
dispositivos do nosso dia-a-dia.
No processo de organizar um churrasco quero chamar a atenção
para dois grandes pontos que, se bem tratado na IoT, definirão seu sucesso. O primeiro é a inteligência,
representada pelas pessoas que participaram do processo. E o segundo é o
objetivo, o porquê de fazer tudo isso: ter um churrasco bem organizado e bem
sucedido.
A inteligência humana é um processo complexo e completo, que
não pretendo analisar aqui. Mas a Internet das Coisas deve buscar se
aproximar desta inteligência para que possa ter flexibilidade e adaptabilidade
às informações que estejam disponíveis. Há muitas iniciativas no campo da inteligência
artificial que poderão ser usadas pela Internet das Coisas e o sucesso
desta depende muito de que estas inteligências estejam facilmente disponíveis a
custos aceitáveis.
E o segundo ponto para o qual sempre devemos dar atenção
especial é ao objetivo de cada uso da Internet das Coisas. Aqui teremos
sempre que ser criativos e temerários. Temos que buscar ideias fora do mundo da
tecnologia, onde o conceito de inteligência somado a um gigantesco volume de informações
trará uma maior “democratização” da inteligência e do acesso a estas
informações.
Em suma, a Internet das Coisas deve ser uma extensão
de nossas capacidades, conseguida através do aumento ao acesso às informações e
de sensores e atuadores configurados para o nosso uso.
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