A Ovum (empresa de pesquisa e consultoria) junto com a
Internet of Things World 2017 (um dos congressos internacionais em IoT)
apresentaram o que acreditam serem as cinco maiores tendências de IoT para
2017.
Em geral, nada de surpreendente. Resumidamente, são elas:
- LPWA crescendo: LPWA (Low-Power Wide Area Network) é o conceito de uma rede de grande cobertura e de pequeno consumo de energia, essencial para que dispositivos inteligentes alimentados por baterias possam se integrar à IoT de forma eficiente. Em essência, estamos falando de redes como as de celular, mas configuradas para baixa taxa de transmissão e protocolos que minimizem o consumo de energia, principalmente em standby.
- Diversificação da IoT: veremos muitos fornecedores de serviços se utilizando da IoT para atender aos mais diversos clientes. Não haverá uma massificação de oferta (o que as grandes empresas de telecom gostariam) e sim uma diversificação buscando atender às mais variadas necessidades.
- Segurança das informações: este será o principal foco para os desenvolvedores e prestadores de serviço. Também entrará na mira das agências reguladoras.
- “Big Data” e “Machine Learning”: o foco aqui será desenvolver soluções que incluam algum pré-tratamento de dados (Big Data) e alguma aprendizagem já nos dispositivos responsáveis pela chamada computação de borda (edge computing). Ou seja, os equipamentos locais como gateways e centrais de automação residencial deverá incorporar alguma capacidade de tratamento de dados e de aprendizagem, permitindo um mínimo de funcionalidade na perda da conexão com a internet e diminuindo o tráfego de dados e o processamento na nuvem.
- Novos modelos de negócios: a IoT irá permitir o aparecimento de uma gama nova de negócios, onde o foco será o oferecimento de serviços (ao invés de infraestrutura e disponibilidade) e começaremos a ver também modelos onde a cobrança será feita baseada em eventos.
Como disse, nada de muito especial, mas se considerarmos que
as empresas nacionais de pequeno e médio porte tentarão entrar na onda da IoT pelas
bordas (tendo que deixar as multinacionais tomando conta da infraestrutura
global de comunicação e tratamento de dados), vejo nos dois últimos itens uma
ótima porta de entrada neste mundo IoT.
Estas empresas poderiam focar seus recursos no desenvolvimento
de gateways que permitam aglomerar dados dos mais variados sensores (utilizando
os protocolos de comunicação mais usuais no mercado de automação residencial,
por exemplo), dar-lhes tratamento inicial e oferecer à nuvem estas informações
pré-tratadas. Poderiam ainda implementar os primeiros níveis de inteligência artificial,
agregando valor às suas funções locais.
Não estou falando de concorrer com a Nest, mas porque não? Mas
ao invés de impor aos sensores que se adequem ao seu produto, garantir que seu
produto tenha total aderência aos protocolos formais de comunicação, abrindo a
porta para sua utilização em qualquer parte do mundo.
Esta abordagem exige componentes eletrônicos já disponíveis mundialmente,
a custos razoáveis, documentação e acesso aos protocolos (já disponíveis),
capacidade de processamento (sobrando atualmente nos microprocessadores de
mercado) e desenvolvimento de software, algo em que o país está bem capacitado.
Já pensando em novos modelos de negócios, existe um
potencial muito interessante no Brasil relacionado diretamente às nossas peculiaridades,
regras, leis e inconstância. Será muito difícil para um provedor de serviços
internacional adequar suas ofertas globais às características de nosso mercado
e acompanhar suas mudanças e evoluções em tempo adequado. Assim, vejo aqui a
chance de empresas nacionais desenvolverem soluções de prestação de serviço localizadas
para o Brasil, utilizando a IoT.
A própria conceituação da IoT fortalece esta ideia, pois o
conceito de desenvolver soluções lá fora e depois localizá-las ou
tropicalizá-las para o Brasil deixará de ter sentido.
As soluções deverão ser desenvolvidas localmente, para um
mercado que ainda é pequeno mas que crescerá. Este cenário é perfeito para as
empresas brasileiras, que poderão começar pequeno e acompanhar o crescimento
local com inteligência e flexibilidade.
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