Por mais distante que estejamos do comportamento do povo americano,
principalmente quando falamos de Internet das Coisas ou Automação Residencial,
é sempre interessante lermos os resultados de pesquisas feitas sobre estes
assuntos.
Recentemente a PwC (PricewaterhouseCoopers) publicou um
relatório sobre uma pesquisa que eles encomendaram a respeito da percepção do
americano sobre as Casas Inteligentes. A pesquisa foi feita com 1000 moradores
dos USA com idade entre 18 e 64 anos, durante o mês de outubro de 2016.
A pesquisa buscava respostas para as seguintes perguntas:
- · Até que ponto os consumidores entendem o conceito de IoT e de Casa Inteligente?
- · Estão os consumidores receptivos/animados com tecnologia inteligente dentro da residência?
- · Quais os motivadores e benefícios que encorajarão a adoção de tecnologias de casa inteligente?
- · Qual o grau de hesitação dos consumidores em experimentar esta tecnologia?
- · O que pode estar impedindo esta adoção?
- · Por quais benefícios da casa inteligentes estão preparados a pagar mais? Quais são considerados os mais valiosos?
- · Qual o grau de satisfação dos consumidores atuais com os dispositivos inteligentes em suas casas e os aplicativos móveis?
- · De quais empresas o consumidor estaria mais propenso em experimentar um dispositivo para a casa inteligente?
- · O que os consumidores iriam querer se pudessem definir as especificações?
- · Como lhes parece o futuro da casa inteligente?
O interessante desta pesquisa é ter trazido respostas mais
claras e voltadas a entendermos o consumidor mais que o mercado. Abaixo
apresento alguns dos resultados, aqueles que acho que mais se aproximam de uma
realidade brasileira, presente ou futura. O relatório em si, publicado em inglês,
é muito interessante e pode ser obtido neste link. Recomendo sua leitura completa (As imagens deste post foram
retiradas deste relatório).
As principais descobertas desta pesquisa podem ser resumidas
em:
- · A maioria dos consumidores está familiarizado com a tecnologia de casa inteligente.
- · Um em cada 4 usuários de internet nos USA possui um dispositivo de casa inteligente.
- · Os quatro maiores motivadores para se ter um dispositivo inteligente são: economia, segurança, conforto e controle.
- · A principal barreira para comprar um dispositivo inteligente é preço.
- · A maior preocupação é a segurança das informações, mas esta preocupação é deixada de lado quando fica provado o valor de um determinado dispositivo.
- · Pagamentos parcelados poderia ser um bom incentivo para a aquisição de dispositivos inteligentes.
- · Os dispositivos inteligentes focados em segurança conseguem os melhores preços
- · Os consumidores estão prontos a adquirir serviços adicionais depois de comprar o dispositivo, sendo a segurança aumentada o maior motivo para a compra de serviços.
- · A maioria dos consumidores dizem estarem excitados com o futuro da tecnologia inteligente em suas residências.
Distribuição de Consumidores
Apenas 16% dos pesquisados do sexo masculino não possuem nem
pretendem ter algum dispositivo inteligente na residência, enquanto que no sexo
feminino esta fatia é de 30%.
Ao analisarmos a distribuição por faixa etária, vemos que a
faixa de 35 a 49 anos de idade (as outras são 18 a 34 e 50 a 64) apresenta significativamente
mais donos de dispositivos que as demais, mas também apresenta rejeição maior
que a faixa de 18 a 34 anos de idade. Um resultado esperado é ver que a faixa
de 50 a 64 é a que menos possui dispositivos inteligentes na residência e a que
mais rejeita a tecnologia (39%). Mas esta mesma faixa etária mostra uma
abertura a serem convencidos a entrarem na onda: 32% estão abertos a
considerarem serem donos de dispositivos inteligentes no futuro.
Como seria o comportamento do mercado brasileiro? Vemos ou
veremos uma diferença de respostas marcante entre os gêneros? Qual a faixa etária
mais propensa no Brasil a buscar a casa inteligente no futuro próximo?
Motivações para os Donos de Dispositivos Inteligentes
Foi perguntado aos que já possuem algum dispositivo
inteligente qual a maior motivação para a compra. As respostas foram mais ou menos esperadas,
incluindo, como já citei, maior segurança, maior controle e maior conforto.
Contudo, algumas me chamaram a atenção. 8% foram motivados
pelo simples fato de que uma de suas empresas de tecnologias favoritas lançou
um produto novo. 10% compraram os produtos apenas porque tinham curiosidade e o
preço era bom.
A maioria dos homens procurava segurança; já a maioria das
mulheres queria conforto. A faixa etária de 18 a 24 buscava maior produtividade
no seu dia-a-dia, a faixa de 25 a 49 maior conforto e a faixa de 50+ compraram
por curiosidade e pelo preço acessível.
Etnicamente, os afro-americanos e os hispânicos queriam
melhorar o seu padrão de vida.
Desmotivadores
Entre os que não possuem nenhum dispositivo inteligente
instalado na sua residência, os principais motivos foram preço (42%), segurança
das informações (17%) e, interessantemente, 7% acham que acabariam não usando
os dispositivos.
Em resumo, a não ser que o produto atenda a uma necessidade
especifica, resolva um determinado problema ou minimize um grande transtorno, o
consumidor não consegue justificar a compra.
Esta já não é a situação no Brasil?
Satisfação
Uma conclusão da pesquisa que me deixou surpreso, principalmente
considerando outros relatórios que andei lendo é que a grande maioria dos que
possuem algum dispositivo inteligente na residência estão muito ou bastante
satisfeitos (74% e 24% respectivamente) com os dispositivos e de forma similar
com os aplicativos (70% e 26%).
Fornecedores
Uma pergunta interessante é sobre de quem as pessoas comprariam
um dispositivo inteligente. Aqui, o interesse era em mapear o tipo de
fornecedor e não diretamente uma marca. Interessantemente, a distribuição ficou
muito equilibrada. Os mais citados foram:
- · Fabricante de computador ou equipamentos tecnológicos
- · Provedor de internet
- · Fornecedor do sistema de segurança residencial
- · Provedor de telefonia celular
- · Fabricante de automóveis
- · Fornecedor de TV por assinatura
Ficaram em segundo plano, mas muito perto dos primeiros,
alguns dos que eu consideraria como bons potenciais, como o fabricante de
equipamentos eletrodomésticos e as lojas de revenda em geral.
Como o consumidor brasileiro reagiria ao ter dispositivos ofertados por
estes tipos de empresa? Você compraria um sistema ou dispositivo do seu fornecedor
de telefonia celular ou do seu provedor de internet?
O Dispositivo Perfeito
Quando perguntaram aos pesquisados o que eles colocariam
nos seus dispositivos se pudessem projetá-los, as respostas foram:
- · Encriptação
- · Suporte técnico 24 horas por dia
- · Facilidade de uso
- · Capacidade de automatismo e customização
- · Integração perfeita com outros dispositivos
- · Aplicativo universal para todos os dispositivos
- · Comando por voz
- · Suporte online ao vivo
- · Instalação e configuração de responsabilidade do fabricante
- · Capacidade de análise comportamental
Um Espelho do Consumidor
Quase no final, o relatório cria uma definição bastante
interessantes de tipos de consumidor:
- · Usuários Atuais (26%)
o
Sexo Masculino
o
Entre 30 e 49 anos de idade
o
Casado com filhos
o
Entusiasta de tecnologia
o
O primeiro entre seus amigos a comprar produtos
tecnológicos
o
Acredita que gasta tempo demais cuidando da residência
o
Acredita que falta tempo durante o dia para
fazer tudo que é preciso
- · Possíveis Usuários (24%)
o
Sexo masculino
o
Entre 18 e 29 anos
o
Acha importante ter a mais nova tecnologia mas
se preocupa com o “trabalho” de ter a tecnologia
o
Acha importante pesquisar antes de comprar
produtos tecnológicos
o
Acredita que gasta tempo demais cuidando da residência
o
Coloca o preço como a maior barreira, mas
estaria mais apto a gastar se o pagamento fosse parcelado
o
Um grande motivador para compra seria uma única
plataforma para controlar todos os dispositivos
- · Aceitadores de Tecnologia (27%)
o
Sexo feminino
o
Entre 50 e 64 anos
o
A tecnologia é um mal necessário, ao qual se
entrega ocasionalmente
o
Coloca o preço como a maior barreira, pagamento parcelado
não muda a percepção
o
Está motivado a comprar se o preço fosse mais em
conta e se ajudar a economizar nas contas
o
Quer que a instalação e configuração seja feita pelo
provedor ou fabricante
- · Rejeitadores de Tecnologia (23%)
o
Sexo feminino
o
Entre 50 e 64 anos
o
Sem filhos em casa
o
Em geral, não valoriza a tecnologia
o
Espera por alguns anos antes de aderir a alguma
nova tecnologia
o
O tempo gasto cuidando da residência não é
importante
o
Coloca o preço como a maior barreira, pagamento parcelado
não muda a percepção
Conclusão
O relatório é muito interessante e traz muitas informações novas
ou redesenhadas. Se seus resultados não se aplicam ao Brasil, seria
interessante analisarmos dois pontos:
·
o Brasil tem a tendência a seguir este tipo de
mercado, de dispositivos inteligentes tratados de forma isolada ou continuaremos
querendo sistemas completos, como hoje é o mercado de automação residencial?
·
Seria de valor termos uma pesquisa similar sendo
feita no Brasil e oferecida aos fabricantes nacionais e internacionais
presentes no Brasil?
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