Algumas tecnologias e inovações aprecem nas nossas vidas,
mas têm vida útil curta. Fitas cassete, CD´s e aparelhos de fax são apenas
alguns exemplos. Mas algumas tecnologias têm uma vida muito mais longa! É
verdade que elas podem evoluir e quase não mais se parecerem com suas origens,
como os telefones celulares ou mesmo os microcomputadores, mas são, ainda, as
mesmas tecnologias.
E agora temos a Internet
das Coisas... será que veio para ficar?
Responder a isso é fácil: veio, não só para ficar, mas também
para se espalhar e se envolver em praticamente tudo. E a explicação é simples.
A Internet das Coisas,
que engloba conectividade e tratamento de dados, junto com a Inteligência
Artificial, entre tantas tecnologias, consegue fazer algo novo e útil:
aprender e utilizar o que aprendeu.
É verdade que o conceito está diretamente relacionado à Inteligência
Artificial, e é ela que é responsável pelo aprendizado. E ela não é tão
nova assim, ela vem sendo desenvolvida desde os anos 50 do século passado. Mas,
naquela época, era cara, para poucos, e com poucas aplicações práticas do nosso
dia-a-dia. Era um processo lento de aprendizado, pois depende de se juntar
dados, e, quanto mais, melhor e mais rápido será o aprendizado. E exigia (como
exige hoje) muito poder computacional, na época disponível para poucos e a altos
custos.
Por sua vez, a Internet
das Coisas deve sua existência mais abrangente principalmente à
universalização da conectividade, através de redes ethernet, redes sem fio e
redes de celulares (2G, 3G e 4G) e à queda nos preços de sensores e atuadores
miniaturizados e de baixo consumo elétrico. Com isso foi possível espalhar pelo
mundo estes dispositivos e conectá-los a plataformas na Nuvem, coletando um
volume gigantesco de dados de tudo que é grandeza, em todos os cantos do mundo
e praticamente em tempo real.
E são esses dados, antes tão difíceis de se conseguir, que
podem “alimentar” os mecanismos de aprendizagem, dando vida à Inteligência Artificial.
Quanto ao custo do processamento computacional, não só se
tornaram muito baixos como também disponíveis para praticamente qualquer um com
o uso das plataformas na nuvem oferecendo tanto o processamento quanto as
ferramentas para o tratamento dos dados e sua posterior análise para que a
Inteligência possa “aprender”.
Então, este conjunto de fatores (abundância de dados, fácil
conectividade e baixo custo de processamento) é que torna a Internet das Coisas possível e
provavelmente de vida muito longa.
Mas, acima de tudo, sua longevidade se deve à sua utilidade
e facilidade de se misturar entre nós, seres humanos, muitas vezes nos servindo
sem nem a percebermos.
A dupla Internet das
Coisas e Inteligência Artificial já está em praticamente tudo que
nos cerca.
Em Nossas Casas
Pela casa há dispositivos “inteligentes” conectados à
Internet ou ao equipamento central através de alguma rede sem fio. Estes
dispositivos podem ser dedicados a obter dados, como sensores de temperatura e
de luminosidade, ou podem ser dedicados a agir, como relés e dimmers. E podem
ainda ser dispositivos normais, como cafeteiras, máquinas de lavar roupa e
geladeiras que têm a mesma conectividade e que também podem interagir com o
assistente virtual.
E, se este conjunto de equipamentos estiver conectado a uma
plataforma de Inteligência Artificial, ele poderá começar a antever
necessidades ou detectar anormalidades e agir de acordo.
Se você quiser conhecer um pouco mais como a Inteligência
Artificial pode participar do seu dia-a-dia leia o post Internet das Coisas e Inteligência Artificial Cuidando de Você neste blog.
E esta “onda” de enchermos nossa casa de dispositivos
conectados pode até parecer novidade e você achar que ela vai passar. Mas está
enganado. A cada dia vemos mais empresas interessadas não só em vender estes
equipamentos para você, mas também em dotá-los de utilidades dependentes desta
inteligência artificial. Botijões de gás que avisam à distribuidora e você que
seu gás está acabando, aparelhos de ar condicionado que avisam quando precisam
de manutenção e geladeiras que criam listas de compras, tudo isso sem pagar
muito mais e sem dificuldade de instalação, são facilidades que você não vai
querer deixar de ter. E assim se cria o ciclo virtuoso da Casa Inteligente, dando oportunidade de negócios aos fabricantes e
prestadores de serviços e dando facilidade e utilidade ao usuário.
No Seu Corpo, Cuidando da sua Saúde
Hoje os wearables, ou dispositivos vestíveis, estão
cada vez em moda, cada vez mais baratos, menos intrusivos e fáceis de usar. E
eles fazem praticamente de tudo. Medem suas atividades físicas e seus
parâmetros metabólicos, servem de elemento de comunicação com seu smartphone e
até podem lhe informar a hora!
E estes equipamentos vestíveis podem estar conectados em
tempo real a alguma plataforma de inteligência artificial e até salvar sua
vida, indicando que você está apresentando sintomas de alguma doença ou
problema cardíaco e indicar comportamentos e ações para minimizar as consequências.
Hoje já estão em uso wearables monitorados pelos serviços de
saúde que são colocados em pacientes que precisam de acompanhamento contínuo
mas não precisam ficar hospitalizados. Isto tem diminuído custos operacionais
dos sistemas de saúde e dado melhor padrão de vida às pessoas enfermas.
Se bem que há aplicações dos wearables totalmente
dispensáveis, as aplicações mais sérias, que oferecem melhor saúde e bem-estar
ao usuário, permitem que serviços de saúde reduzam suas despesas e aumentem sua
cobertura de atendimento. Este conjunto de fatores manterá vivo e evolutivo o
uso da Internet das Coisas e Inteligência
Artificial na área da saúde.
No Seu Ir e Vir e sua Cidade
Quando pensamos em nosso deslocamento urbano, a Internet das Coisas e a Inteligência
Artificial se apresentam de duas formas bem distintas: uma claramente
visível e outra bem escondida dos olhos do cidadão comum.
A forma visível está, por exemplo, nos veículos autônomos
que há algum tempo tomam conta dos noticiários e começam a também a tomar conta
das ruas e avenidas. Aqui o que não faltam são sensores e atuadores, todos
conectados com plataformas na Nuvem e usando a Inteligência Artificial
para tomar decisões. Se esta forma vai avançar e se tornar parte do nosso
dia-a-dia ainda é uma questão de adivinhação, principalmente porque seu uso
está muito diretamente relacionado com a aceitação (ou não) por parte da
população, usuária e não usuária deste serviço. Para esta aplicação
precisaremos esperar mais um pouco para saber se veio para ficar (minha aposta
é que sim).
Mas a forma escondida também já está presente no nosso
dia-a-dia. Praticamente toda cidade grande já usa alguma forma de Internet das Coisas e de Inteligência
Artificial para controle do tráfego, da segurança e das condições
ambientais da cidade. Podem ser sensores instalados nas grandes avenidas, ou
medidores de nível de córregos, rios e piscinões, ou ainda sensores de
luminosidade, vento e chuva; podem ser o acionamento dos semáforos, da
iluminação pública, ou de comportas de barragens ou represas. Todos estes
sistemas já até podiam existir antes da Internet
das Coisas, mas ganharam mais sensores e mais inteligência com as novas
tecnologias e hoje prestam um serviço ao cidadão sem ele nem saber de onde vem.
E essa utilidade, aliada ao menor custo, permitem a
perpetuação do uso menos visível da Internet
das Coisas no nosso convívio com a cidade onde moramos
Na Indústria...
Este uso da Internet
das Coisas é tão sério que ganha até um nome só dele IIoT: Industrial
Internet of Things.
Na Indústria o comportamento de implementação de tecnologias
sempre se mostrou lento, buscando a certeza. Para se ter uma ideia, o uso sério
de WiFi no controle de processos industriais só se tornou algo aceitável nos
últimos anos. O uso de redes sem fio para a coleta de dados ao longo de
tubulações de gás, petróleo ou água sempre deu preferência a canais de satélite
dedicados, utilizando as redes celulares apenas como alternativa.
Mas há alguns avanços de tecnologia, principalmente aqueles
que mostram um benefício muito grande e um risco pequeno, que são mais aceitos
pela Indústria, e até incentivados por ela. Um caso típico é o uso da Inteligência
Artificial. Ela vem sendo usada na Indústria há décadas, se bem que
preferiam outros nomes como Lógica Fuzzy e Redes Neurais (mas, de
forma simplista, podemos dizer que são a mesma coisa). E, como já dissemos, estas
aplicações de Inteligência Artificial precisam de dados, muitos dados.
Até recentemente, as Indústrias mediam apenas as grandezas que afetavam
diretamente sua produção, pois os medidores para ambientes industriais podem
bem caros; afinal, eles têm que aguentar condições bastante adversas e devem
durar anos sem precisar de manutenção.
Como consequência, media-se apenas o necessário. Com o
advento de sensores mais baratos (e menos robustos, é verdade), a Indústria viu
que podia medir mais coisas, mas mantendo os sensores mais robustos para as
medições críticas ao seu processo.
Com isso, começaram a ter uma maior gama de informações e os
sistemas de Inteligência Artificial podiam trabalhar com mais variáveis
e se tornar mais precisos nas suas conclusões.
E a Indústria adotou a Internet
das Coisas e a Inteligência
Artificial, as adequou às suas necessidades e agora chama a este conjunto
de Industria 4.0
E será que veio para ficar? Com certeza estará presente na Indústria
por décadas pois, como já dissemos, ela é lenta para adotar novas tecnologias;
a Indústria 5.0 ainda está muito longe.
E No Campo...
Quando pensamos em campo pensemos no Agronegócio, desde agricultura
e pecuária até logística e desenvolvimento de novos conhecimentos e
tecnologias.
Os maiores usuários de Internet
das Coisas e Inteligência Artificial nesta área são os grandes
empreendimentos, com vastas áreas de plantio, gados numerosos e logística complicada.
Não seria ótimo conhecer em detalhes e em tempo real como está a umidade do
solo e a incidência de sol em cada hectare e poder comandar a irrigação de
forma localizada e controlada?
Conhecer cada animal do gado, com seu histórico de vacinas,
pesos e por quais pastos andou?
Controlar o momento exato da colheita e otimizar o uso das
colheitadeiras e da mão-de-obra?
Saber a disponibilidade de silos de armazenamento e
programar a distribuição e entrega da produção sem perdas de tempo ou de valor?
Tudo isso é agora possível! Podemos espalhar sensores pelo
campo sem grandes investimentos, podemos taguear cada animal e podemos coletar
todos os dados que queremos com o uso das redes sem fio dedicadas à Internet das Coisas. E a Inteligência
Artificial permite que se preveja a necessidade de irrigação, que se
detecte algum problema de saúde do gado antes dos sintomas mais visíveis aparecerem
e que cuidemos de toda a logística de forma antecipada e bem planejada.
Estes benefícios também vieram para ficar. Aqui, os
investimentos foram feitos diretamente pelos interessados e podemos ter certeza
que foram feitos após muita análise dos benefícios que poderiam oferecer.
E o Que Vem Pela Frente?
Como podemos ver, a dupla Internet das Coisas e Inteligência Artificial vieram para
ficar. Em muitos casos ela será transparente para o cidadão comum, do mesmo jeito
que ele usa um caixa eletrônico sem nem saber quanta tecnologia está por trás
disso.
Em outros casos, o cidadão será responsável pelo sucesso ou não,
mesmo que não se envolva diretamente no uso da tecnologia. É onde o cidadão pondera
os benefícios, custos e “malefícios” da aplicação da tecnologia, como nos
carros autônomos, e ajuda a determinar o sucesso da aplicação.
E por fim, há aquelas cujo sucesso dependem exclusivamente
de nós, cidadãos. É o caso da Casa
Inteligente, dos wearables e até mesmo dos sistemas de monitoração de nossa
saúde. Temos que avaliar os benefícios, ponderar os investimentos e cobrar de
nossos fornecedores qualidade, inovação, segurança e privacidade.
Temos, então, um papel ativo, pelo menos em parte do uso
desta dupla de tecnologias, e precisamos exercer este papel com responsabilidade.
Devemos conhecer o que há disponível, devemos mostrar o que queremos e ajudar os
fornecedores e desenvolvedores a nos ajudar!
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