Temos falado muito de Internet
das Coisas e o mundo da Casa
Inteligente. Já analisamos possíveis futuros dos fabricantes atuais de
Automação Residencial, mostrando alguns caminhos para entrar no mundo da Casa Inteligente.
Mas a Internet das Coisas
não é só Casa Inteligente. Existem
muitas frentes aplicando este conjunto de tecnologias, como o Agronegócio, as
Cidades Inteligentes, Saúde e a Indústria, onde até criaram sem próprios
termos: Indústria 4.0 e IIoT
(Industrial Internet of Things).
Será que há algum segmento da aplicação de IoT que possa interessar àqueles
envolvidos na Casa Inteligente?
Possivelmente sim. Este segmento é a IoT aplicada aos negócios. Ela não tem um nome próprio ainda, mas é
forte, tem avançado muito e está muito aberto a novos players, em praticamente
todos os níveis da pirâmide IoT
(sensores, gateways, redes, Nuvens, aplicações e Inteligência).
O que vamos mostrar a seguir é um resumo comentado do
documento emitido pela Vodafone, que eles chamam de IoT Barometer 17/18. É um documento que
é emitido periodicamente desde 2013.
Os mercados que podem interessar aos fabricantes que
atualmente possam estar envolvidos com a Casa
Inteligente seriam Transporte e Logística, Saúde e Varejo. Há ainda os
mercados de Serviços Públicos, Automotivo e Energia e Utilities, mas nestes a dominância de
grandes “intermediários” é grande, o que pode inibir o aspecto de inovação e
empreendedorismo, em troca de grandes volumes e abandono de desenvolvimentos.
Estes são mercados que tendem a dar passos grandes e lentos, mas em seguida
ficam “congelados” por vários anos colhendo os benefícios.
Aqui focaremos nas empresas cliente, ou seja, aquelas que
utilizam ou poderiam utilizar IoT em
seus processos e negócios. Estas empresas seriam os potenciais clientes de fabricantes
e provedores de serviços relacionados com a Internet das Coisas.
Vejamos como a Vodafone vê o momento presente (2017/18)
destes mercados. Não vou contestar os números nem confrontá-los com outras
fontes. O objetivo deste texto é trazer a possiblidade de novos mercados de uma
forma mais leve. Se alguma empresa se interessar por algum segmento específico
será necessário, obviamente, estudos mais detalhados e a preparação de um Plano
de Negócios.
Sobre a Pesquisa
A pesquisa feita pela Vodafone incluiu 1278 empresas em 13
países por todo o mundo. No Brasil foram entrevistadas 98 empresas, o que pode
ser considerado como bastante relevante. Os setores pesquisados foram: Varejo, Manufatura,
Energia e Utilidades, Saúde, Transporte e Logística, Automotivo, Eletrônica e o
Setor de Serviços Públicos.
As empresas consultadas vão desde as pequenas e médias até
os grandes conglomerados. 17% delas tinham mais de 10.000 funcionários.
Momento Presente –
Resumo
- · A fatia de empresas que adotaram IoT subiu de 12% em 2013 para 29% em 2017. Os setores que mais cresceram em relação a 2016 foram Transporte e Logística (de 19% para 27%) e Varejo (de 20% para 26%).
- · Das empresas que adotaram IoT, 84% aumentaram seu uso de 2016 para 2017. Das empresas que adotaram IoT, 12% têm mais de 10.000 dispositivos conectados e o número de empresas com mais de 50.000 dispositivos conectados subiu de 3% para 6%.
- · Os benefícios que as empresas que adotaram IoT buscam incluem redução de custos, redução de risco, aumento de lucratividade e, principalmente, aumento de eficiência (55%).
- · O uso de IoT está se tornando mais sofisticado; 46% das empresas que adotaram IoT já integraram esta tecnologia aos seus principais processos, incluindo seus ERP´s (Enterprise Resource Planning).
Momento Presente -
Análise
A análise mais detalhada dos resultados da pesquisa mostra alguns
aspectos interessantes que merecem ser apontados.
Aqueles que adotaram IoT
como parte de seus negócios continuam investindo nesta tecnologia, crescendo
seu número de dispositivos conectados e também aumentando a área de influência
da IoT em seus processos e negócios.
82% dos usuários entende que a IoT somente tem valor quando agregada a outras tecnologias, como Big
Data e Inteligência Artificial.
O crescimento na adoção de IoT tem aumentado em todas as regiões. Se compararmos os números de
2013 com os atuais, vemos que a região que mais cresceu foi a chamada Ásia-Pacífico,
que foi de 12% para 36%. As Américas cresceram de 14% para 27%.
Por outro lado, a análise também mostra uma certa queda na
velocidade vertiginosa com que a adoção de IoT
vinha acontecendo. Esta queda em velocidade não representa qualquer ponto
negativo, reflete apenas que houve um momento no passado onde “a ficha caiu” e
muitos começaram a correr atrás do uso da IoT.
O crescimento continua forte e alguns novos desenvolvimentos podem voltar a
aumentar esta velocidade de adoção.
Vemos isso principalmente quando analisamos os tamanhos das
empresas que já adotaram a IoT. Em
2013 12% das empresas com menos de 1.000 empregados utilizavam IoT; hoje este número é de 28%. As
empresas entre 1.000 e 10.000 funcionários foram de 11% para 31%. E para as
empresas de mais de 10.000 funcionários este número foi de 26% para 32%.
Uma provável explicação para isso está na infraestrutura de
comunicação para os dispositivos IoT.
Somente nos últimos anos esta infraestrutura ganhou o formato de prestação de
serviços. Isto permite que as empresas adotadoras de IoT não mais precisem investir nesta infraestrutura e apenas
contratar os serviços. Isto facilita a vida das pequenas e médias empresas, que
poderão adotar a IoT de forma mais
econômica e flexível.
A pesquisa também indica que o retorno sobre o investimento
(ROI) tem sido uma constante. Atualmente, 95% das empresas usuárias de IoT afirmam que tem colhido benefícios
tangíveis e 53% consideram que estes benefícios são consideráveis (em 2013 este
número era de 36%).
Um outro fato relevante é que o uso de IoT não é apenas para automatizar processos ou experimentar com a
tecnologia. Entre as empresas que adotaram IoT,
85% a consideram crítica para o sucesso dos negócios. É interessante notar que
no setor de Varejo, este número cresce para 95%. Isto explica porque 81% destas
empresas continuam a investir em IoT
e 78% estão expandindo a área de atuação da IoT.
Podemos notar também este crescimento no investimento de
empresas que já tinham adotado a IoT
em seus negócios quando verificamos que o número de empresas com mais de 50.000
dispositivos conectados dobrou em apenas um ano. Ademais, vemos que o número de
empresas com menos de 100 dispositivos conectados caiu. Isto indiretamente
demonstra que as empresas estão evoluindo de patamar quanto à quantidade de
dispositivos conectados, demonstrando que elas saíram da fase de experimentação
para a de uso pleno e, provavelmente, sem retorno.
Momento Presente –
Resumo
A pesquisa mostra que o uso de IoT nas empresas é uma realidade e que a quantidade de empresas
investindo neste conceito tem aumentado continuadamente, assim como tem
aumentado o valor investido daquelas que já haviam iniciado o processo em anos anteriores.
Também fica patente que estas empresas estão abraçando a IoT seriamente, utilizando suas
funcionalidades em processos críticos para a operação e gerenciamento, de forma
praticamente irreversível.
Os benefícios financeiros do uso da IoT são claros para estas empresas, mas o que chama a atenção é o
benefício agregado do aumento da eficiência produtiva e da rapidez na tomada de
decisões.
Fica claro, portanto, que o mercado de produtos e serviços
para IoT, quando vemos as empresas como
as usuárias, está em franco crescimento e se consolidando. Em muitos casos, os
projetos de IoT se iniciam dentro
das próprias empresas e são geridas por elas. Isto facilita a entrada de novos
fornecedores no mercado, uma vez que estas empresas cliente podem ter
necessidades que os grandes fornecedores de dispositivos IoT não atendem ou não se interessam em atender. Será,
provavelmente, um mercado de nichos, o que deve ser visto pelos fabricantes
nacionais como uma ótima oportunidade, pois isso diminui os gastos com
desenvolvimento, marketing e produção.
A Seguir
Nos próximos posts continuaremos a análise da pesquisa da
Vodafone IoT Barometer 2017/18, falando mais diretamente dos benefícios
conseguidos (ou buscados) por estas empresas cliente e do que podemos esperar para
os próximos cinco anos. Também faremos uma análise rápida do que vem
acontecendo nos setores de Saúde, Transporte e Logística, Energia e Utilidades,
Varejo e Automotivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário