12 setembro 2018

Atrelando Serviços a Produtos


Muito tenho falado sobre a necessidade de fabricantes de produtos para a Casa Inteligente darem mais atenção aos serviços que podem ser ofertados de forma agregada ao produto.

Quando pensamos em sistemas de automação residencial, os clientes entendem que precisam fazer um investimento e o equipamento é deles para todo sempre.

Quando pensamos em sistemas de vigilância, o cliente tem a opção de comprar os equipamentos e eles mesmos monitorarem os alarmes ou tem a opção de contratar um serviço mensal, onde os equipamentos são cedidos em comodato.

E quando pensamos em produtos para a Casa Inteligente normalmente teremos produtos com alguma inteligência inerente, mas que depende de serviços opcionais (de terceiros ou dos próprios fabricantes) para ter esta capacidade expandida. É o caso típico de uma Smart TV que pode receber streaming de outros equipamentos internos à residência sem qualquer custo adicional ou mensal, mas que também pode receber streaming de serviços externos, implicando em pagamentos mensais, além de precisar de uma conexão com a Internet.

Mas hoje há uma nota categoria de produtos para a Casa Inteligente que, sem os serviços, não servem nem como enfeite.

Um exemplo é um produto recentemente mostrado pela Samsung Electronics chamado de SmartThings Tracker. Ele é uma espécie chaveiro ou crachá com um GPS embutido que é utilizado para informar sua localização. Ele pode ser colocado em mochilas de crianças, em animais de estimação, ou mesmo preso ao seu chaveiro.

Já existem no mercado vários destes produtos, mas eles se baseiam em Bluetooth para minimizar o consumo e, como consequência, são muito limitados quanto ao seu alcance. Já o produto da Samsung utiliza a rede LTE-M, que é uma espécie de 4G para dispositivos IoT, o que lhes garante baixo consumo quando em uso. Diz a Samsung que seu tracker tem uma bateria com duração de até uma semana antes que precise ser recarregado.

Ele pode ser configurado para informar periodicamente sua posição a um aplicativo no smartphone ou até mesmo à central SmartThings da Samsung. Ele pode também ser configurado para “geofencing”, que é a geração de alarme quando o dispositivo sair ou entrar em uma determinada região geográfica. Esta funcionalidade é muito útil para você monitorar seus animais de estimação ou mesmo saber quando as mochilas de seus filhos estão em casa. Se estiver conectado a outros produtos SmartThings, pode também disparar funções automáticas como acender determinadas luzes todas vez que se aproxima da residência.

O dispositivo custa, nos USA, US$99. Este preço já inclui um ano de serviços da AT&T para a comunicação. Após este período o serviço pode ser renovado a um custo anual de US$50.

Após este um ano, se não renovar o contrato com a AT&T, o produto deixa de ter qualquer utilidade. Algo similar acontece com aqueles dispositivos para “tracking” de veículos, mas neste caso você contrata um serviço e recebe um produto de graça. No caso da Samsung, é ao contrário: você compra um produto e recebe um serviço gratuito por um tempo determinado.

E aqui temos uma solução muito interessante de prestadores de serviços e fabricantes trabalhando juntos. A AT&T fornece o serviço gratuito por um ano esperando fidelizar o cliente. A Samsung vende o hardware e valoriza seu ecossistema SmartThings com mais um produto que pode ser muito útil ao cliente.

E o cliente pode fazer uma compra meio que no escuro, sem saber direito se é o que quer. Afinal, o preço não é tão alto e se, depois de um ano, ele não achar que vale a pena, simplesmente cancela o contrato com a AT&T e joga fora o produto.

É uma conjunção de interesses bem interessante beneficiando todos os envolvidos.

Aqui no Brasil este modelo também poderia dar certo num futuro próximo, mas claramente faltam várias coisas para chegarmos lá. Mas será que já não temos algum fabricante que queira abraçar esta ideia e colocar este produto no mercado? E será que já não temos alguém oferecendo a conectividade desejada (grade cobertura geográfica, baixa velocidade, baixíssimo consumo de energia)? Será que este post ficará obsoleto rapidamente, sendo substituído por um que fale deste produto nacional? 

Aguardemos...

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