16 maio 2018

A IoT Precisa de Organização!


O uso de Internet das Coisas nas mais variadas aplicações é o que nos espera pela frente. Teremos o uso de IoT em nossas casas, carros, indústrias, hospitais, supermercados, e por aí afora.

Daqui a alguns anos, praticamente qualquer equipamento que compremos terá algum nível de funcionalidade IoT embutida.

Uma quantidade inimaginável de inciativas, experiências e projetos pilotos estão acontecendo e as previsões em quantidades de dispositivos conectados e em volume de dinheiro envolvido são assustadores.

Mas há, claramente, uma falta de organização e planejamento de longo prazo em várias destas iniciativas e, se isso não mudar, teremos em breve um caos tecnológico que poderá tornar a Internet das Coisas em algo tão complexo que poderá colocar o funcionamento adequado das tecnologias envolvendo IoT em risco operacional.

Este aspecto da desorganização se torna mais visível quando pensamos em conectividade e em redes de comunicação.

Hoje não há, ainda, um padrão único definido de como os dispositivos inteligentes irão se comunicar com as inteligências mais “altas” ou mesmo entre si. Existe uma quantidade enorme de tipos de rede sem fio disponíveis e outras tantas sendo melhoradas para o uso da IoT. É verdade que não existe uma só solução para todas as aplicações, mas seguramente cada aplicação deveria ter sua rede preferencial. Mas não é o que está acontecendo.

Se olharmos para a Casa Inteligente, podemos encontrar dispositivos em Bluetooth, WiFi, celular, RF, ZWave, Zigbee...

Se olharmos para a Cidade Inteligente esta quantidade aumenta ainda mais...

A bagunça tecnológica que hoje temos quando falamos em telefonia, TV a cabo e Internet, onde cada provedor lança seus cabos como melhor lhe convém, criando um emaranhado de fios e cabos, pode tomar conta da Internet das Coisas. Corremos o risco de ver o uso indiscriminado de redes sem fio, juntamente com seus equipamentos auxiliares, como gateways, centrais locais e roteadores. Isto não só gera interferências e perda de performance como também desperdício de dinheiro com equipamentos similares fazendo a mesma função.

Um dos usos de IoT que está avançando em vários países é a medição inteligente do consumo de energia elétrica das residências e pontos comerciais. Os principais objetivos para as distribuidoras são um melhor gerenciamento da sua rede e a implantação de cobrança do consumo conforme os horários e a disponibilidades no sistema (a chamada Tarifa Branca).

Para que isto funcione, os medidores de energia precisam comunicar seus consumos periodicamente à central de distribuição, o que é feito através de redes de coleta de dados (uma forma de IoT com funções muito especificas) que poderão usar várias opções de comunicação sem fio. Poderemos ter, por exemplo, os medidores criando uma rede do tipo mesh entre si em um determinado quarteirão e se comunicando com um gateway que, por sua vez, utilizará a rede celular para enviar os dados à central de processamento.

Agora imaginemos que a distribuidora de gás encanado queira fazer a mesma coisa, com objetivos similares: gerenciamento da entrega e segurança operacional. Ela irá, então, instalar medidores inteligentes, escolher alguma forma de comunicação sem fio, instalar sua infraestrutura e enviar estes dados à sua central.

E a distribuidora de água pensa em fazer o mesmo...

E a empresa de segurança e vigilância também...

E a empresa de iluminação pública...

Porque não padronizar a comunicação local e criar uma única infraestrutura para esta miríade de dispositivos inteligentes?

É certo que as distribuidoras querem se sentir seguras de que o sistema sempre funcionará, de que seus dados (e os de seus clientes) estejam protegidos e de que seus sistemas não sejam hackeados. Assim, elas tendem a buscar soluções que fiquem completamente sob seus controles.

Mas isto significará investimentos e recursos desviados das suas funções principais para manter os sistemas de coleta funcionando e atualizados. Sem contar com todas as questões de legislação, já que não são empresas de comunicação...

Vejo claramente um espaço para empresas dedicadas a prover este tipo de infraestrutura. Podem ate ser as empresas que hoje já prestam serviços de comunicação; ou podemos ter novas empresas, mais focadas na garantia da comunicação, garantindo a infraestrutura necessária e até ajudando a acelerar a implantação das funcionalidades, nos levando mais perto das Cidades Inteligentes.

Afinal, se tivermos empresas oferecendo a infraestrutura, as distribuidoras poderão acelerar seus projetos de modernização. E já que criamos uma infraestrutura de coleta de dados, porque não oferecer este serviço para outras empresas e órgãos públicos que queiram ajudar a implementar a Cidade Inteligente?

Afinal, temos semáforos, transporte público, coleta de lixo, segurança, gerenciamento de incidentes e catástrofes, etc. precisando coletar dados e comandar equipamentos para que possam ser mais eficazes e “inteligentes”.

E as Companhias de Engenharia de Tráfego não precisarão culpar as chuvas quando os semáforos inteligentes parem de funcionar...

Será possível isso acontecer sem a interferência de governos e órgãos reguladores?

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