O uso de Internet das
Coisas nas mais variadas aplicações é o que nos espera pela frente. Teremos
o uso de IoT em nossas casas,
carros, indústrias, hospitais, supermercados, e por aí afora.
Daqui a alguns anos, praticamente qualquer equipamento que
compremos terá algum nível de funcionalidade IoT embutida.
Uma quantidade inimaginável de inciativas, experiências e projetos
pilotos estão acontecendo e as previsões em quantidades de dispositivos conectados
e em volume de dinheiro envolvido são assustadores.
Mas há, claramente, uma falta de organização e planejamento
de longo prazo em várias destas iniciativas e, se isso não mudar, teremos em
breve um caos tecnológico que poderá tornar a Internet das Coisas em algo tão complexo que poderá colocar o
funcionamento adequado das tecnologias envolvendo IoT em risco operacional.
Este aspecto da desorganização se torna mais visível quando
pensamos em conectividade e em redes de comunicação.
Hoje não há, ainda, um padrão único definido de como os
dispositivos inteligentes irão se comunicar com as inteligências mais “altas”
ou mesmo entre si. Existe uma quantidade enorme de tipos de rede sem fio disponíveis
e outras tantas sendo melhoradas para o uso da IoT. É verdade que não existe uma só solução para todas as
aplicações, mas seguramente cada aplicação deveria ter sua rede preferencial. Mas
não é o que está acontecendo.
Se olharmos para a Casa Inteligente, podemos encontrar
dispositivos em Bluetooth, WiFi, celular, RF, ZWave, Zigbee...
Se olharmos para a Cidade Inteligente esta quantidade
aumenta ainda mais...
A bagunça tecnológica que hoje temos quando falamos em telefonia,
TV a cabo e Internet, onde cada provedor lança seus cabos como melhor lhe convém,
criando um emaranhado de fios e cabos, pode tomar conta da Internet das Coisas. Corremos o risco de ver o uso indiscriminado de
redes sem fio, juntamente com seus equipamentos auxiliares, como gateways,
centrais locais e roteadores. Isto não só gera interferências e perda de
performance como também desperdício de dinheiro com equipamentos similares
fazendo a mesma função.
Um dos usos de IoT
que está avançando em vários países é a medição inteligente do consumo de energia
elétrica das residências e pontos comerciais. Os principais objetivos para as
distribuidoras são um melhor gerenciamento da sua rede e a implantação de cobrança
do consumo conforme os horários e a disponibilidades no sistema (a chamada
Tarifa Branca).
Para que isto funcione, os medidores de energia precisam
comunicar seus consumos periodicamente à central de distribuição, o que é feito
através de redes de coleta de dados (uma forma de IoT com funções muito especificas) que poderão usar várias opções
de comunicação sem fio. Poderemos ter, por exemplo, os medidores criando uma
rede do tipo mesh entre si em um determinado quarteirão e se comunicando com um
gateway que, por sua vez, utilizará a rede celular para enviar os dados à
central de processamento.
Agora imaginemos que a distribuidora de gás encanado queira
fazer a mesma coisa, com objetivos similares: gerenciamento da entrega e segurança
operacional. Ela irá, então, instalar medidores inteligentes, escolher alguma
forma de comunicação sem fio, instalar sua infraestrutura e enviar estes dados
à sua central.
E a distribuidora de água pensa em fazer o mesmo...
E a empresa de segurança e vigilância também...
E a empresa de iluminação pública...
Porque não padronizar a comunicação local e criar uma única
infraestrutura para esta miríade de dispositivos inteligentes?
É certo que as distribuidoras querem se sentir seguras de
que o sistema sempre funcionará, de que seus dados (e os de seus clientes) estejam
protegidos e de que seus sistemas não sejam hackeados. Assim, elas tendem a buscar
soluções que fiquem completamente sob seus controles.
Mas isto significará investimentos e recursos desviados das
suas funções principais para manter os sistemas de coleta funcionando e
atualizados. Sem contar com todas as questões de legislação, já que não são empresas
de comunicação...
Vejo claramente um espaço para empresas dedicadas a prover
este tipo de infraestrutura. Podem ate ser as empresas que hoje já prestam
serviços de comunicação; ou podemos ter novas empresas, mais focadas na
garantia da comunicação, garantindo a infraestrutura necessária e até ajudando
a acelerar a implantação das funcionalidades, nos levando mais perto das Cidades
Inteligentes.
Afinal, se tivermos empresas oferecendo a infraestrutura, as
distribuidoras poderão acelerar seus projetos de modernização. E já que criamos
uma infraestrutura de coleta de dados, porque não oferecer este serviço para outras
empresas e órgãos públicos que queiram ajudar a implementar a Cidade Inteligente?
Afinal, temos semáforos, transporte público, coleta de lixo,
segurança, gerenciamento de incidentes e catástrofes, etc. precisando coletar
dados e comandar equipamentos para que possam ser mais eficazes e “inteligentes”.
E as Companhias de Engenharia de Tráfego não precisarão culpar
as chuvas quando os semáforos inteligentes parem de funcionar...
Será possível isso acontecer sem a interferência de governos
e órgãos reguladores?
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