30 junho 2017

Uma via rápida para IoT na Automação Residencial

A arquitetura da Internet das Coisas tem sido discutida profusamente, mas pouco se tem falado da incorporação da tradicional automação residencial à IoT. Muitos fabricantes e desenvolvedores tem se preocupado com a conectividade direta de dispositivos com a nuvem, apostando no uso de WiFi ou de redes celulares (modificadas ou não).

Quando olhamos para o mercado de automação residencial mundo afora vemos duas vertentes claramente distintas. Por um lado, temos os sistemas totalmente fechados e integrados, que só funcionam com equipamentos e softwares do mesmo fabricante, mesmo que usem redes de comunicação abertas. Esta abordagem tem levado fabricantes nacionais a entregarem sistemas simplificados, sem muitas opções de equipamentos e funcionalidades, devido ao alto custo de desenvolvimento e fabricação.

Por outro lado, temos os ecossistemas, onde o fabricante desenvolve um equipamento central e homologa ou certifica equipamentos de terceiros que se comunicam com esta central. Não temos hoje no mercado brasileiro ninguém que se destaque nesta abordagem, pois é necessária uma força financeira e empresarial muito grande para impor ao mercado (e aos demais fabricantes que comporiam o ecossistema) um padrão.

Em ambos os casos vemos uma certa restrição nas opções de equipamentos e, consequentemente, nas opções de custo e funcionalidade.

A opção pelos ecossistemas é interessante pelo marketing e pela “ajuda” em divulgar os conceitos de interoperabilidade e interconectividade, se bem que de forma muito restrita. Já o uso de sistemas fechados oferece uma integração muito mais sólida, uma garantia de funcionalidade maior, mas a um custo significativamente maior, pois não conta com o volume de vendas do mercado “Do-It-Yourself” e exige mão-de-obra especializada (integradores).

Então, qual seria a melhor opção?
Obviamente, um misto das duas soluções. Teríamos fabricantes de sensores e atuadores utilizando os protocolos de comunicação de forma integral e totalmente fiel, garantindo assim sua compatibilidade. Suas vendas estariam diretamente relacionadas com a qualidade e funcionalidade de seus produtos.
E teríamos fabricantes de sistemas de automação se dedicando a desenvolver centrais locais que conversassem com praticamente qualquer sensor ou atuador que atendesse às normas dos protocolos das redes mais usadas, focando em entregar soluções de software com aplicações inovadoras. Estes fabricantes também se dedicariam a contratar plataformas IoT para entregar novas funcionalidades aos seus clientes.

Como todo sistema de automação tem muitos sensores e atuadores para uma única central, cada grupo de fabricantes pode desenvolver seus negócios conforme estes perfis: produção em massa e distribuição simplificada para os fabricantes de sensores e atuadores e projetos de software e prestação de serviços para os fabricantes de centrais. O primeiro grupo precisa se preocupar apenas em seguir os desenvolvimentos nos protocolos de comunicação. Já o segundo grupo focaria nos desenvolvimentos de funcionalidade, comunicação com as plataformas na Nuvem e integração com interfaces com o usuário em linguagem padronizada.

Este segundo grupo será o responsável por aproximar a automação residencial à Internet das Coisas, pois é justamente este gateway o elo de ligação entre os dois mundos. No mundo IoT, este gateway faria o chamado processamento de borda (ou local), além de garantir a plena funcionalidade do sistema na perda da conectividade com a Internet.

Então, estes fabricantes precisarão focar tanto em hardware quanto em software?

Não mais.
Estão aparecendo no mercado fabricantes de gateways multiprotocolos, com capacidade de programação, que poderão ser usados por estes fornecedores de sistemas de automação como sua base tecnológica para se dedicarem ao desenvolvimento do software e suas funcionalidades.


Um dos últimos exemplos a aparecer no mercado é o Alegro 100 da VIA Technologies. Sem entrar nos detalhes técnicos, que podem ser obtidos aqui, é uma plataforma de hardware, certificada pela OCF (Open Connectivity Foundation) com capacidade de comunicação em Ethernet, BlueTooth, KNX-TP, KNX-RF, ZigBee e Z-Wave. Oferece ao fabricante a possiblidade de desenvolvimento de aplicações em Android e Linux e pode até ter seu invólucro customizado em OEM.

E está chegando ao Brasil (vejaaqui).

Quanto mais cedo os fabricantes brasileiros aderirem a esta segregação, maiores a chances de sucesso no mundo IoT, inclusive em escala internacional.

Hoje, o desafio destes fabricantes, nos modelos atuais, é ter que lidar com praticamente tudo: desenvolver sensores e atuadores, centrais inteligentes, apps e interfaces com o usuário, ser conhecido no mercado, treinar integradores e oferecer suporte a estes.


A segregação permitirá concentrar esforços e recursos em uma gama menor de responsabilidades, acelerando o tempo de chegada ao mercado, minimizando os investimentos e permitindo a especialização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário