Todos queremos estar inseridos no mundo da Internet das
Coisas, certo? Logicamente, nem todos! Temos os céticos e os desinformados que
provavelmente responderiam NÃO a esta pergunta, mas suponhamos, para o
benefício deste post, que a resposta seja SIM.
E os fabricantes querem que escolhamos eles como nossos
fornecedores, certo? Óbvio. Então eles devem se preocupar em resolver algumas
questões técnicas e outras tantas filosóficas.
Precisamos de
produtos completos
Muitos produtos que estão aparecendo no mercado ou na
realidade ainda não existem ou são incompletos. Vemos muitas chamadas na
internet de produtos maravilhosos com vídeos encantadores demonstrando tudo o
que fazem. Mas ao procurarmos comprar, vemos que ainda estão em
desenvolvimento. Você pode até fazer uma reserva ou comprar um produto não
lançado com preço especial, mas no fundo é um risco e você não sabe nem quando
nem o que vai receber.
Outros tantos são colocados no mercado de forma incompleta,
seja faltando integração com algum hub conhecido no mercado, seja ainda não
apresentando uma função chave de sua utilidade. E recebemos a promessa de que,
através de um update de software ou firmware, eles chegarão à versão final.
Esta situação somente agrada aos fanáticos por tecnologia. Ao
consumidor comum, é motivo de insatisfação e de frustração.
Um dos conceitos envolvidos para que um produto possa ser
considerado completo inclui a infraestrutura oferecida pelo fabricante, como
servidores na nuvem e sistemas de envio de mensagens. Em vários casos, apesar
do produto em si ser de boa qualidade e conceito, o sistema como um todo falha
ao depender desta infraestrutura, deixando de enviar uma mensagem ou de
comandar uma ação. Isto pode não parecer muito grave, mas quando esta mensagem é
aviso de intrusão ou quando o comando não obedecido é o de trancar a porta, o
problema passa a ser sério.
Um produto completo obrigatoriamente inclui toda a infraestrutura
necessária oferecida pelo fabricante e este produto somente poderá ser
considerado útil quando todo o sistema funcionar consistentemente e com
confiabilidade.
Parece que os
produtos precisam mais de você do que você deles
Um produto inteligente precisa ser autossuficiente,
praticamente invisível. Ele precisa saber se configurar com o mínimo de
participação humana, saber se adaptar a mudanças na infraestrutura, se
autodiagnosticar e orientar o usuário no que é necessário fazer, como trocar as
baterias ou liberar uma permissão no roteador ou smartphone.
O produto não deve consumir horas do seu usuário para que
seja configurado corretamente. Ter que ler manuais, mexer em configurações não só
no produto mas em toda a infraestrutura, descobrir que ao alterar a
configuração do seu WiFi para que o produto consiga se comunicar você acabou perdendo
a conexão de outro produto que estava funcionando direitinho, é tudo motivo de
frustração e de dinheiro jogado fora, já que seu tempo também tem valor.
Um outro assunto que costuma deixar os usuários com os cabelos
em pé é quando o produto precisa de uma atualização de software. Quais etapas
devo fazer para liberar o update? E se eu não o fizer, o que acontece? Quanto tempo
durará? O que acontece com o sistema durante o processo? E se falhar no meio? Estas
são perguntas muitas vezes mal respondidas pelo fabricante, deixando o usuário
apreensivo durante todo o processo. Isso sem contar o desespero que dá quando o
update começa automaticamente sem pedir autorização ao usuário, no meio da
noite enquanto você está dando um jantar para seu chefe!
E quando ele provoca
um tsunami?
Você é uma pessoa que gosta de tecnologia, tem tempo e
dinheiro e tem vários produtos conectados instalados na sua casa. Depois de
muitas horas de esforço você tem tudo funcionando bem e da forma que você queria.
Aí você compra um novo produto e ao conectá-lo na rede,
descobre que uns dois ou três outros se desconectaram e pararam de funcionar. Terá
sido interferência? Problemas de configuração? Incompatibilidade de gênios?
Depois de muito pesquisar e mexer, você descobre que, na
verdade, você tem dispositivos demais na sua rede e vai ter que trocar o
roteador.
Mas vemos aqui que os fabricantes não têm se preocupado em
respeitar os dispositivos “colegas”, focando apenas em garantir a conectividade
com a “nave mãe”, ou seja, não costumam fazer uma análise de seus equipamentos
em conjunto com equipamentos de terceiros num mesmo sistema. Sei que isso é
complicado, posto que o universo é infindo, mas com certeza uma obediência mais
fiel aos padrões e a criação de algumas ferramentas de diagnóstico ajudariam a
todos.
Todos gostariam de
ver um pouco mais de seriedade
Se os fabricantes da chamada Consumer IoT querem ser bem sucedidos e ter
longevidade no mercado, eles precisam levar mais a sério seus desenvolvimentos
e lançamentos. Eles devem se preocupar em oferecer produtos que sejam úteis,
que estejam completos (incluindo qualquer infraestrutura necessária) e que
sejam adequados para serem instalados em um ambiente com muitos outros
dispositivos de terceiros.
Os produtos de IoT focados
no consumidor final precisam respeitar o usuário e não devem consumir muito do
tempo ou da paciência dele.
Se estes fabricantes observassem como os fabricantes da
chamada Industrial IoT desenvolvem
seus produtos e soluções, eles veriam que é necessário tratar seus produtos
como se fizessem parte crítica de um sistema e não apenas um brinquedo que pode
funcionar na maioria das vezes, mas não necessariamente sempre.
E nós, usuários, temos que nos dar ao respeito e exigir dos
fabricantes produtos à altura de nossas expectativas. Será que teremos que
criar a Associação dos Consumidores de Produtos IoT (ACPIOT)?
Ótimo post, sendo integrador tenho dificuldade em indicar um sistema de automação.
ResponderExcluirLuiz Fernando