A IoT vai afetar nossas vidas de muitas formas. Algumas, que
podemos chamar de óbvias, são aquelas que estão no cerne da IoT: sensores
obtendo dados, redes de comunicação levando estes dados à Nuvem, esta Nuvem
processando os dados e transformando em informações, sistemas inteligentes usando
estas informações para inferi e prever, e sistemas de controle comandando os
atuadores.
Este cerne da IoT vai nos afetar em temas como: qual o valor
que damos para os dados que produzimos, por onde andam e para quê são utilizados
estes dados, e como confiar em sistemas inteligentes para nos dizer qual a
melhor ação a ser tomada.
Mas há uma forma que nos atinge diretamente e com a qual
todos teremos que aprender a aceitar e aproveitar, e para a qual não estou
vendo muito atenção sendo dada. Estou falando da nossa interação com estes
sistemas inteligentes.
O ser humano hoje coleta os dados, os analisa e toma
decisões, usando seus próprios recursos sensoriais e mentais, e sua capacidade
de análise, muitas vezes apenas intuitiva. Mais que isso, ao tomar a decisão,
ele monitora os resultados muito de perto pois sabe que, na maioria das vezes,
vai poder influenciar os resultados e corrigir suas ações, determinando uma
melhor rota.
Em suma, cada um de nós tem dentro de si uma IoT toda sua,
com algoritmos de validação de dados, inferência e previsão muito desconhecidos
mas muito ativos.
Hoje, decidimos a temperatura do ar condicionado baseados no
que sentimos de temperatura e no que perguntamos aos demais presentes no
ambiente. Muito em breve a IoT poderá usar as informações de toda a nossa
vizinhança para oferecer um controle de temperatura mais inteligente e mais
econômico.
Ela poderá antecipar as alterações climáticas na sua região e ir
adaptando o ajuste do aparelho automaticamente. E qual será sua participação
neste processo?
Você não fará mais o ajuste, mas terá que saber dizer ao
sistema IoT o que você quer. E qual o problema com isso?
O problema é que você não sabe falar com a IoT de forma
clara. Você não consegue dizer com razoável precisão qual a temperatura que
está neste momento (se são 25°C ou 26°C) e muito menos definir qual a
temperatura que o agrada em um determinado momento do dia, conforme uma
determinada tarefa que esteja realizando. Então, você terá que comunicar à IoT
o que você quer de uma forma que ela entenda.
Talvez, depois de algumas tentativas, erros e acertos, você consiga
lembrar de valores de temperatura que o agradam e dizer à IoT: “coloque a sala
em 20°C”. Bom? Não! Isso não é usar a inteligência disponível na IoT.
O outro extremo desta situação é onde a IoT já sabe qual
roupa você está vestindo, qual atividade que você vai praticar e qual a
temperatura ideal para seu conforto.
Para chegar de um extremo ao outro dependemos de tecnologia
e de aprendizado. A tecnologia passa pela capacidade de saber o que você está
vestindo (está usando um casaco?) e o que você está fazendo (lendo, dormindo,
recebendo visitas). E muito provavelmente veremos estas tecnologias aparecendo
nos próximos anos.
Mas o aprendizado, o sistema saber o que você quer, depende de
você. E você terá que aprender a conversar com o sistema, usar expressões que
signifiquem algo parecido tanto para o sistema quanto para você, como “está
muito quente” e “estou com frio”.
Não vou aqui tentar inventar ou criar este linguajar, mas
deixo no ar que existe um vasto campo para desenvolvimento; e ainda não vi este
assunto merecer a atenção devida.
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