01 março 2017

Conversando com a Internet das Coisas (IoT)

A IoT vai afetar nossas vidas de muitas formas. Algumas, que podemos chamar de óbvias, são aquelas que estão no cerne da IoT: sensores obtendo dados, redes de comunicação levando estes dados à Nuvem, esta Nuvem processando os dados e transformando em informações, sistemas inteligentes usando estas informações para inferi e prever, e sistemas de controle comandando os atuadores.

Este cerne da IoT vai nos afetar em temas como: qual o valor que damos para os dados que produzimos, por onde andam e para quê são utilizados estes dados, e como confiar em sistemas inteligentes para nos dizer qual a melhor ação a ser tomada.

Mas há uma forma que nos atinge diretamente e com a qual todos teremos que aprender a aceitar e aproveitar, e para a qual não estou vendo muito atenção sendo dada. Estou falando da nossa interação com estes sistemas inteligentes.

O ser humano hoje coleta os dados, os analisa e toma decisões, usando seus próprios recursos sensoriais e mentais, e sua capacidade de análise, muitas vezes apenas intuitiva. Mais que isso, ao tomar a decisão, ele monitora os resultados muito de perto pois sabe que, na maioria das vezes, vai poder influenciar os resultados e corrigir suas ações, determinando uma melhor rota.

Em suma, cada um de nós tem dentro de si uma IoT toda sua, com algoritmos de validação de dados, inferência e previsão muito desconhecidos mas muito ativos.

Hoje, decidimos a temperatura do ar condicionado baseados no que sentimos de temperatura e no que perguntamos aos demais presentes no ambiente. Muito em breve a IoT poderá usar as informações de toda a nossa vizinhança para oferecer um controle de temperatura mais inteligente e mais econômico. 

Ela poderá antecipar as alterações climáticas na sua região e ir adaptando o ajuste do aparelho automaticamente. E qual será sua participação neste processo?

Você não fará mais o ajuste, mas terá que saber dizer ao sistema IoT o que você quer. E qual o problema com isso?

O problema é que você não sabe falar com a IoT de forma clara. Você não consegue dizer com razoável precisão qual a temperatura que está neste momento (se são 25°C ou 26°C) e muito menos definir qual a temperatura que o agrada em um determinado momento do dia, conforme uma determinada tarefa que esteja realizando. Então, você terá que comunicar à IoT o que você quer de uma forma que ela entenda.

Talvez, depois de algumas tentativas, erros e acertos, você consiga lembrar de valores de temperatura que o agradam e dizer à IoT: “coloque a sala em 20°C”. Bom? Não! Isso não é usar a inteligência disponível na IoT.

O outro extremo desta situação é onde a IoT já sabe qual roupa você está vestindo, qual atividade que você vai praticar e qual a temperatura ideal para seu conforto.

Para chegar de um extremo ao outro dependemos de tecnologia e de aprendizado. A tecnologia passa pela capacidade de saber o que você está vestindo (está usando um casaco?) e o que você está fazendo (lendo, dormindo, recebendo visitas). E muito provavelmente veremos estas tecnologias aparecendo nos próximos anos.

Mas o aprendizado, o sistema saber o que você quer, depende de você. E você terá que aprender a conversar com o sistema, usar expressões que signifiquem algo parecido tanto para o sistema quanto para você, como “está muito quente” e “estou com frio”.

Não vou aqui tentar inventar ou criar este linguajar, mas deixo no ar que existe um vasto campo para desenvolvimento; e ainda não vi este assunto merecer a atenção devida.


Está preparado?

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