“O castigo de querer chegar perto dos deuses”
A Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) é um
conjunto de dois conceitos: Coisas inteligentes e uma comunicação envolvendo
estas Coisas.
E esta comunicação não vai indo bem.
Foquemos no mercado americano, onde o usuário padrão compra
as partes de diferentes fabricantes baseado no que cada parte oferece e tentar
fazer com que estas partes se comuniquem. Ele compra um Nest e umas lâmpadas da
Philips porque sabe que um conversa com o outro. Mas, mais tarde ele descobre
que este mesmo Nest não conversa com as lâmpadas da Cree.
E o que está acontecendo para melhorar esta integração e
eliminar a Torre de Babel?
Temos muitos players diretamente envolvidos: Microsoft,
Qualcomm, Samsung, Intel, Apple, Google Amazon, LG...
Alguns tentam desenvolver um padrão e impô-lo ao mercado. É
o caso da Apple, da Google e da Amazon. Cada um criou seu gateway e trabalhou
junto aos fabricantes para ter um conjunto mínimo de equipamentos compatíveis.
Mas, quando se faz isso, é preciso se preocupar com dois
aspectos desta comunicação: as chamadas camada de rede e camada de aplicação. De
forma simplificada, a primeira determina a forma física de comunicação, por
exemplo WiFi, Bluetooth ou ZigBee. A segunda determina a “linguagem” de troca
de informações e comandos.
Quando buscamos a integração, ou seja, uma forma de garantir
que todos conversem com todos, precisamos analisar esta questão de forma
separada para cada camada.
As dificuldades relacionadas à camada de rede são principalmente
de hardware, uma vez que para cada forma é necessário um componente específico.
Assim, uma lâmpada que quisesse se comunicar via WiFi e Bluetooth, precisaria
ter ambos os componentes instalados, dificultando a engenharia, aumentando o
custo e gerando possíveis interferências entre si.
A “solução” encontrada até agora é prover o gateway de
várias opções instaladas. Assim, ele poderia falar WiFi, Bluetooth e ZigBee,
por exemplo. Mas isso traz algumas dificuldades na hora de configurar o
sistema, pois o usuário tem que se preocupar em administrar vários conceitos e
requisitos ao mesmo tempo. Ele tem que se preocupar, por exemplo, em posicionar
os equipamentos de forma a garantir as conectividades conforme as
características de cada rede.
E traz um segundo ponto preocupante: a dependência de um
gateway. Os dispositivos de diferentes padrões não poderão conversar entre si e
dependerão exclusivamente do gateway (e em muitas vezes da própria Internet do
usuário). Assim, um sensor de presença em WiFi precisa do gateway para comandar
uma lâmpada em ZigBee.
Tendo até resolvido a padronização da rede de comunicação, a
camada de aplicação também impõe uma grande barreira. Para que um sistema se
torne viável tecnicamente, as Coisas precisam estar falando no mesmo idioma. O comando
de acender lâmpada, por exemplo, deve ser enviado de um dispositivo para outro
sem ter que se preocupar em saber fabricante e modelo para então definir o “idioma”
a ser usado. Isto causaria um grande desafio de engenharia de software, sem
contar inúmeros bugs.
E temos ainda a má vontade dos fabricantes em aderir a esta
ideia pois tolheria em muito sua liberdade de criação. De nada adiantaria criar
uma nova funcionalidade se o “idioma” não souber dar este comando. Uma tomada
que medisse sua própria temperatura (pensando em segurança) não teria a quem
informar pois o “idioma” não supôs esta necessidade.
E o que está sendo feito além das soluções individuais destes
gigantes do mercado?
A Qualcomm, Microsoft, LG e Sony, entre outras, se juntaram
e fundaram a AllSeen Alliance. Esta aliança está desenvolvendo a plataforma de conectividade chamada AllJoyn.
A Intel e Samsung, junto com outras, fundaram a Open Interconnect Consortium. Este consórcio está dando suporte ao desenvolvimento da IoTivity, mais uma plataforma de conectividade.
A Intel e Samsung, junto com outras, fundaram a Open Interconnect Consortium. Este consórcio está dando suporte ao desenvolvimento da IoTivity, mais uma plataforma de conectividade.
Mais recentemente, A Microsoft, a Qualcomm e a Eletrolux se
juntaram à Open Interconnect Consortium e mudaram o nome para Open
Connectivity Foundation (OCF). Mas não saíram da AllSeen, continuam lá.
Em outubro de 2016 as duas se juntaram, sem se juntar demais. A AllSeen Alliance continua existindo, se dedicando à AllJoyn. A OFC agora dá suporte tanto para a AllJoyn quanto para a IoTivity, além de estar desenvolvendo suas próprias especificações.
Mesmo com este esforço de união, há muitos desafios pela frente e um deles é o que fazer com as inciativas individuais da Apple, Amazon e Google.
Em outubro de 2016 as duas se juntaram, sem se juntar demais. A AllSeen Alliance continua existindo, se dedicando à AllJoyn. A OFC agora dá suporte tanto para a AllJoyn quanto para a IoTivity, além de estar desenvolvendo suas próprias especificações.
Mesmo com este esforço de união, há muitos desafios pela frente e um deles é o que fazer com as inciativas individuais da Apple, Amazon e Google.
Então, como pode ser visto, a total integração das Coisas na
IoT ainda está longe e depende de empresas gigantescas, que têm seus objetivos
próprios de dominação do mercado.
Apenas como nota para aqueles que conhecem a automação
industrial, veja o caso do Fieldbus Foundation FF), uma ideia dos anos 1990 de
uma rede de comunicação padrão entre todos os fabricantes. Ela existe mas ainda
não se tornou um padrão, pois ainda não interessa aos fabricantes dos
equipamentos de medição e controle do mercado industrial (que participaram “ativamente”
das comissões que definiram o protocolo).
E como deve se comportar o cliente brasileiro? Como ainda não
temos no Brasil esta parafernália de equipamentos o cliente brasileiro não precisa
se preocupar com este estágio da evolução do IoT e pode esperar pelas definições
mais claras. Quando as regras estiverem definidas teremos no país uma boa
oferta de produtos, tanto dos players multinacionais quanto dos fabricantes
locais.
E fique acompanhando este blog para saber quando este
momento estiver prestes a chegar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário