Temos hoje uma série praticamente infinda de soluções para a
Casa Inteligente, seja nos
dispositivos acionadores de lâmpadas, tomadas e similares, seja nas centrais de
controle suas interfaces com o usuário.
Temos termostatos, lâmpadas, tomadas, geladeiras, sistemas
de irrigação, fogões, e mais uma série de dispositivos que podem ser
controlados remotamente.
Temos a Alexa, a Nest, a Smartthings, o Google Home, e mais
uma coleção de produtos que se apresentam como centralizadores do controle,
capazes de interagir com o usuário de várias formas e de comandar uma série enorme
de dispositivos inteligentes.
Mas, quando pensamos nestes centralizadores, vemos uma
grande briga pela liderança do mercado e suas estratégias têm sido criar ecossistemas
fechados, forçando o cliente a optar por uma solução em detrimento da outra.
Os fabricantes dos dispositivos inteligentes que devem ser
comandados por estas centrais tentam ser compatíveis com o maior número possível,
mas isto é um processo bastante caro e trabalhoso, pois ainda não há qualquer padronização
que possa simplificar o processo. Se eles querem pertencer a um determinado
ecossistema, digamos o da Alexa, eles devem desenvolver em seus produtos os
protocolos de integração e se certificarem junto à Amazon. E o processo se
repete quando querem incluir a compatibilidade com outros fabricantes de
centrais.
Como nem todos os fabricantes conseguem ser compatíveis com
todas as centrais, o cliente deve tomar cuidado para não comprar produtos que não
funcionarão com a central que ele escolheu.
Qual a solução óbvia para isso? Existir uma padronização de
compatibilidade onde o fabricante de dispositivos inteligentes precise
desenvolver uma única “porta” de compatibilidade que serviria a todas as
centrais, deixando o fabricante da central com a responsabilidade de se
diferenciar pelo que oferece de facilidades e funcionalidades independentemente
dos dispositivos inteligentes aos quais se conecte.
Porém, como não é isso que acontece no mundo dos gigantes da
tecnologia, fica um vácuo que pode ser aproveitado melhor por outros.
A empresa que apresentar uma solução que integre a maioria
dos dispositivos inteligentes no mercado e que apresente um produto que “convide”
o usuário a usá-lo pela facilidade e pela riqueza de funcionalidades tem uma
grande chance de preencher este vácuo e ser definida como a nova padronização
do mercado.
Recentemente apareceu um candidato que, se bem que o produto
não esteja pronto ainda (mais uma daquelas que prometem mas não sabem se vão
entregar), diz ter a solução em desenvolvimento.
É a americana Atmos, que está buscando investidores através
do StartEngine, e
que ainda não parece ter uma data clara de oferta ao mercado.
Mas, enfim, se não temos a solução para comprar, pelo menos
temos empresas interessadas em conceituá-las.
A Atmos está apresentando uma solução composta de três produtos:
o Atmos propriamente dito, o Atmos Expand e o Atmos Surround.
A descrição a seguir do que poderá ser o Atmos e seus
produtos foi retirado do site, que, obviamente, não tem informações detalhadas.
Minha ênfase aqui é no conceito mais que no produto em si.
O Atmos é (ou será) uma central em formato de tablet, que
poderá ser instalado na parede ou mesmo deixado livre em cima da mesa. Vários deles
poderão ser espalhados pela residência, permitindo o controle dos dispositivos
a partir de vários locais. Não ficou claro se eles trabalharão em paralelo ou
se será necessário segregar os dispositivos por central Atmos.
Este “tablet” será capaz de se comunicar via WiFi,
Bluetooth, Zigbee, Z-Wave e infravermelho; terá incorporado microfone, alto-falantes
e câmera; oferecerá uma interface com o usuário única, independente do produto
sendo controlado. E, obviamente, aceitará comandos de voz.
Com este conjunto de protocolos, o Atmos se diz integrado
com uma enorme quantidade de fabricantes de dispositivos. Veja o quando abaixo:
Um outro produto dentro desta solução é o Atmos Expand, em
resumo um comando de circuitos de iluminação (interruptor inteligente). Ele aparentemente
se conectará a circuitos existentes, permitindo tanto o controle local quanto
pela central Atmos. Ele também poderá ser usado como uma interface simplificada
do próprio Atmos, eliminando a necessidade de ter uma central em cada ambiente.
Existe uma informação no site que é interessante e
preocupante. Diz lá que o Expand pode se comunicar com a central Atmos mesmo
com a perda da rede WiFi, sem utilizar qualquer tipo de comunicação sem fio, pela
utilização de uma interface proprietária... lá se foi a compatibilidade e
integração com o resto do mundo!
Completando a linha de produtos, teremos o Atmos Surround, um
alto-falante inteligente (mais um?). Diferentemente dos Alexa e similares, este
alto-falante se conectará com a central Atmos enviando os comandos diretamente
a ela. Terá ainda um touchscreen na sua parte superior para comandos dos
dispositivos sendo controlados pelo Atmos.
Em resumo, uma solução conceitualmente interessante,
aumentando em muito a integração disponível hoje no mercado e incluindo algumas
funcionalidades novas e atraentes. É também interessante ver que existe mais de
um produto na solução permitindo sua expansibilidade e presença em todos os
ambientes da casa, a custos que deverão ser interessantes (nenhuma informação
de preços ainda).
Resta saber se este produto chegará ao mercado. Poderá faltar
dinheiro ou força de penetração. Poderá enfrentar alguns desafios técnicos que
atrasariam sua entrada no mercado. Ou simplesmente a empresa poderá ser
comprada por uma das grandes antes mesmo que o produto seja lançado. É esperar
para ver.
Mas o que eu queria realmente chamar a atenção é que há
muitos espaços vazios deixados pelas grandes fabricantes onde empresas menores
(e porque não brasileiras) poderiam conquistar mercados significantes. Os desafios
tecnológicos são poucos, a maioria dos aspectos técnicos já estão desenvolvidos
e disponíveis no mercado. O grande segredo é conceber soluções e desenvolver
produtos.
E, curiosamente, nem usaram os termos IoT
ou Internet
of Things na descrição da solução!
Resta saber tambem se as Grandes corporações , google , amazon , apple nao vao tomar o espaço dos profissionais de automação .
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